São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

Governos lutam para reagir à onda de protestos na região

NEIL MCFARQUHAR
DO "NEW YORK TIMES"

Do norte da África ao golfo Pérsico, os governos parecem estar vacilando quanto à melhor maneira de reagir a protestos em geral pacíficos que se espalham erraticamente como lava irrompendo de um vulcão e sem que haja um fim previsível.
Os protestos engolfaram meia dúzia de países do Oriente Médio na última quarta-feira, com dezenas de milhares de pessoas saindo às ruas no Bahrein, no Iêmen, no Egito e no Irã.
Mesmo na fortemente policiada Líbia, bolsões de dissensão emergiram na praça principal de Benghazi, com o povo apelando pelo final dos 41 anos de domínio do ditador Muammar Gaddafi. O Iraque, acostumado a conflitos sectários, se viu diante de uma novidade: protestos ferozes na cidade de Kut, no leste, contra o desemprego, os problemas no abastecimento de eletricidade e a corrupção do governo.
A inquietação foi inspirada em parte por queixas específicas de cada país, mas muitos manifestantes exibem a confiança recém-descoberta depois dos acontecimentos no Egito e Tunísia. Por um lado, cada protesto foi inspirado por grupo distinto de questões nacionais: pobreza extremada e desemprego, diferenças étnicas e religiosas, governo por minoria, corrupção ou questões de status econômico.
Mas também há a sensação onipresente de que o sistema compartilhado de mau governo por um partido, família ou grupo de oficiais das Forças Armadas, com apoio de serviços secretos brutais, está a ponto de desabar.
Uma nova geração notificou às autoridades que o contrato social imposto nas décadas posteriores à independência e à Segunda Guerra Mundial já não vigora. A maior parte dos governantes vive há muito isolada do povo e cercada por um grupo estreito de assessores e de dirigentes de forças de segurança, diz Sawsan al-Shaer, colunista do Bahrein.
E por isso acredita na interpretação de que os protestos são obra de apenas uns poucos jovens, que terminarão por se cansar de gritar.
A crescente população da região de cerca de 5.000 km que se estende de Teerã a Tânger, no Marrocos, mudou demais, acreditam os analistas, para que os velhos sistemas continuem a funcionar.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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