São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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Extremista italiano é detido no Brasil

Condenado na Itália por participação em atividades terroristas, Cesare Battisti militava em grupo de extrema esquerda

Acusado por quatro assassinatos cometidos nos anos 70, italiano foi chefe de organização ligada às Brigadas Vermelhas

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti, 52, foi preso na manhã de ontem na avenida Atlântica, em Copacabana, zona sul do Rio, por policiais federais brasileiros e franceses. A prisão foi efetuada após uma investigação conjunta das polícias brasileira, francesa e italiana.
Condenado pela Justiça italiana, Battisti não tinha documentos e foi identificado pelas impressões digitais. O ex-ativista disse seu nome verdadeiro e, segundo a PF, não se mostrou surpreso com a prisão. Battisti foi levado para a sede da PF no Rio, onde permaneceria sob custódia até que fosse liberada documentação autorizando a viagem para Brasília. Ele ficará na capital federal durante o processo de extradição.
Brasil e Itália assinaram em 1989 um acordo de extradição que passou a vigorar em 1993. No entanto o Supremo Tribunal Federal já recusou pedidos de extradição de ex-ativistas de extrema esquerda, como Achille Lollo, Luciano Pessina e Pietro Mancini.
Os policiais chegaram até Battisti depois de seguir a francesa Lucie Geneviève Olès. Agentes acompanharam o percurso de Olès desde que ela saiu da França. Ela chegou ao Brasil na manhã de ontem e teria vindo ao país para entregar dinheiro a Battisti. No momento da prisão, ela estava com 9.000. Como ela entrou legalmente no país e não existiam elementos para detê-la, foi liberada. Provavelmente Battisti vivia no Brasil desde 2004, e a suspeita é de que ele recebesse recursos para se manter no país.
O advogado de Battisti, Marco Mora, confirmou que havia um mandado de prisão expedido pelo STF contra o italiano. Disse ter sido contratado logo após a prisão. Battisti permanecia na sede da Polícia Federal do Rio no final da tarde de ontem.
Logo após chegar à sede da PF, Battisti afirmou ser amigo de François Mitterrand.

Prisão perpétua
Cesare Battisti foi um dos chefes da organização de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), um grupo italiano ligado às Brigadas Vermelhas. Battisti foi condenado pela Justiça italiana, em 1993, à prisão perpétua por participar de quatro assassinatos entre 1978 e 1979. Battisti nunca admitiu ter cometido os crimes. Ele foi condenado à revelia, em um processo considerado controverso.
O premiê da Itália, Romano Prodi, telefonou ao seu ministro do Interior, Giuliano Amato, parabenizando-o pelo "trabalho brilhante".
Prodi pediu a Amato que transmitisse seus cumprimentos aos policiais brasileiros, italianos e franceses.


Com agências internacionais


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