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Extremista italiano é detido no Brasil
Condenado na Itália por participação em atividades terroristas, Cesare Battisti militava em grupo de extrema esquerda
Acusado por quatro assassinatos cometidos nos anos 70, italiano foi chefe de organização ligada às Brigadas Vermelhas
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti,
52, foi preso na manhã de ontem na avenida Atlântica, em
Copacabana, zona sul do Rio,
por policiais federais brasileiros e franceses. A prisão foi efetuada após uma investigação
conjunta das polícias brasileira,
francesa e italiana.
Condenado pela Justiça italiana, Battisti não tinha documentos e foi identificado pelas
impressões digitais. O ex-ativista disse seu nome verdadeiro e, segundo a PF, não se mostrou surpreso com a prisão.
Battisti foi levado para a sede
da PF no Rio, onde permaneceria sob custódia até que fosse liberada documentação autorizando a viagem para Brasília.
Ele ficará na capital federal durante o processo de extradição.
Brasil e Itália assinaram em
1989 um acordo de extradição
que passou a vigorar em 1993.
No entanto o Supremo Tribunal Federal já recusou pedidos
de extradição de ex-ativistas de
extrema esquerda, como Achille Lollo, Luciano Pessina e Pietro Mancini.
Os policiais chegaram até
Battisti depois de seguir a francesa Lucie Geneviève Olès.
Agentes acompanharam o percurso de Olès desde que ela saiu
da França. Ela chegou ao Brasil
na manhã de ontem e teria vindo ao país para entregar dinheiro a Battisti. No momento da
prisão, ela estava com 9.000.
Como ela entrou legalmente
no país e não existiam elementos para detê-la, foi liberada.
Provavelmente Battisti vivia
no Brasil desde 2004, e a suspeita é de que ele recebesse recursos para se manter no país.
O advogado de Battisti, Marco Mora, confirmou que havia
um mandado de prisão expedido pelo STF contra o italiano.
Disse ter sido contratado logo
após a prisão. Battisti permanecia na sede da Polícia Federal do Rio no final da tarde de
ontem.
Logo após chegar à sede da
PF, Battisti afirmou ser amigo
de François Mitterrand.
Prisão perpétua
Cesare Battisti foi um dos
chefes da organização de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC),
um grupo italiano ligado às Brigadas Vermelhas. Battisti foi
condenado pela Justiça italiana, em 1993, à prisão perpétua
por participar de quatro assassinatos entre 1978 e 1979. Battisti nunca admitiu ter cometido os crimes. Ele foi condenado
à revelia, em um processo considerado controverso.
O premiê da Itália, Romano
Prodi, telefonou ao seu ministro do Interior, Giuliano Amato, parabenizando-o pelo "trabalho brilhante".
Prodi pediu a Amato que
transmitisse seus cumprimentos aos policiais brasileiros, italianos e franceses.
Com agências internacionais
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