São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Centro-americanos reatam com Cuba

Decisão da Costa Rica e do governo eleito de El Salvador faz dos EUA único país do hemisfério a não ter relação com a ilha

Anúncios ocorrem a um mês da Cúpula das Américas, onde Barack Obama deverá ouvir coro por degelo das relações com Havana

Alejandro Ernesto/Efe
O novo chanceler Bruno Rodríguez fala à imprensa em Cuba

DA REDAÇÃO

A um mês da Cúpula das Américas, em 17 e 18 de abril em Trinidad e Tobago, o governo da Costa Rica e o futuro governo de El Salvador anunciaram que vão restabelecer relações diplomáticas com Cuba. Desse modo, os EUA são agora o único país do continente sem laços formais com a ilha.
O presidente costarriquenho, Oscar Árias, centrista, antes crítico dos Castro, juntou-se ao coro latino-americano que pede à Casa Branca que flexibilize as relações com Cuba e ponha fim ao embargo econômico -a defesa vai se repetir ante o presidente Barack Obama na Cúpula das Américas.
"A Guerra Fria já acabou e penso que o presidente Obama terá de se aproximar para dialogar", disse ele, ecoando palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita aos EUA nesta semana.
Árias sugeriu ainda que Obama devolva à ilha a baía de Guantánamo, encrave ocupado pelos EUA desde 1898 e cedido aos americanos em tratado de 1934 denunciado pelo governo cubano após 1959.
Também ontem, o presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes (FMLN, esquerda), anunciou que, após tomar posse em 1º de junho, retomará relações diplomáticas com Cuba.
Horas depois, Funes, eleito no domingo, recebeu telefonema de felicitação de Obama. Previa receber ainda Thomas Shannon, secretário-assistente do Departamento de Estado para a região -a visita e a ligação são gestos para reiterar que a vitória da esquerda não criará arestas com Washington. O salvadorenho deve ser recebido por Lula amanhã no Brasil.
Costa Rica e El Salvador não tinham laços diplomáticos com Cuba desde 1961 e 1960, respectivamente. Encerram processo de distensão entre a ilha e a América Latina cujo ápice foi a adesão de Cuba ao Grupo do Rio, em dezembro. O fórum é o primeiro órgão multilateral do continente do qual Havana faz parte desde sua suspensão da OEA (Organização dos Estados Americanos), em 1962.
A Casa Branca diz que está "revisando" a política para Cuba, para além do relaxamento de restrições de viagens a ilha aprovado pelo Congresso dos EUA no dia 10. A aposta de analistas é que Obama anunciará na Cúpula das Américas o fim de todas as restrições a viagens e ao envio de remessas.
Em Cuba, espera-se um sinal político: que Obama retome discussões bilaterais em temas como imigração, interrompidas em 2002, e que retire a ilha da lista de países terroristas.

Novo chanceler e expurgo
Ontem, o governo cubano disse estar disposto a discutir questões de direitos humanos com a União Europeia, mas sublinhou que a situação das prisões não estará na mesa.
O anúncio foi feito pelo novo chanceler da ilha, Bruno Rodríguez, ao lado do comissário europeu para Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel, que visita Havana. A UE reativou conversações com Cuba em 2008, cinco anos depois de rompê-las após a prisão de 75 dissidentes em 2003.
A onda repressiva completou ontem seis anos e os EUA cobraram a libertação dos 54 presos políticos ainda na cadeia. Já o chanceler cubano pediu a Washington a libertação dos "cinco presos políticos", os cubanos condenados nos EUA por espionagem.
Questionado sobre a demissão de seu antecessor, Felipe Pérez Roque, Rodríguez disse que já havia informação "suficiente" sobre o tema. Pérez Roque deixou o cargo após assumir "erros" que não citou. O mesmo aconteceu com o ex-"premiê" Carlos Lage.


Com agências internacionais


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