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Centro-americanos reatam com Cuba
Decisão da Costa Rica e do governo eleito de El Salvador faz dos EUA único país do hemisfério a não ter relação com a ilha
Anúncios ocorrem a um mês
da Cúpula das Américas,
onde Barack Obama deverá
ouvir coro por degelo das
relações com Havana
Alejandro Ernesto/Efe
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O novo chanceler Bruno Rodríguez fala à imprensa em Cuba
DA REDAÇÃO
A um mês da Cúpula das
Américas, em 17 e 18 de abril
em Trinidad e Tobago, o governo da Costa Rica e o futuro governo de El Salvador anunciaram que vão restabelecer relações diplomáticas com Cuba.
Desse modo, os EUA são agora
o único país do continente sem
laços formais com a ilha.
O presidente costarriquenho, Oscar Árias, centrista, antes crítico dos Castro, juntou-se ao coro latino-americano
que pede à Casa Branca que flexibilize as relações com Cuba e
ponha fim ao embargo econômico -a defesa vai se repetir
ante o presidente Barack Obama na Cúpula das Américas.
"A Guerra Fria já acabou e
penso que o presidente Obama
terá de se aproximar para dialogar", disse ele, ecoando palavras do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva durante visita aos
EUA nesta semana.
Árias sugeriu ainda que Obama devolva à ilha a baía de
Guantánamo, encrave ocupado
pelos EUA desde 1898 e cedido
aos americanos em tratado de
1934 denunciado pelo governo
cubano após 1959.
Também ontem, o presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes (FMLN, esquerda),
anunciou que, após tomar posse em 1º de junho, retomará relações diplomáticas com Cuba.
Horas depois, Funes, eleito
no domingo, recebeu telefonema de felicitação de Obama.
Previa receber ainda Thomas
Shannon, secretário-assistente
do Departamento de Estado
para a região -a visita e a ligação são gestos para reiterar que
a vitória da esquerda não criará
arestas com Washington. O salvadorenho deve ser recebido
por Lula amanhã no Brasil.
Costa Rica e El Salvador não
tinham laços diplomáticos com
Cuba desde 1961 e 1960, respectivamente. Encerram processo
de distensão entre a ilha e a
América Latina cujo ápice foi a
adesão de Cuba ao Grupo do
Rio, em dezembro. O fórum é o
primeiro órgão multilateral do
continente do qual Havana faz
parte desde sua suspensão da
OEA (Organização dos Estados
Americanos), em 1962.
A Casa Branca diz que está
"revisando" a política para Cuba, para além do relaxamento
de restrições de viagens a ilha
aprovado pelo Congresso dos
EUA no dia 10. A aposta de analistas é que Obama anunciará
na Cúpula das Américas o fim
de todas as restrições a viagens
e ao envio de remessas.
Em Cuba, espera-se um sinal
político: que Obama retome
discussões bilaterais em temas
como imigração, interrompidas em 2002, e que retire a ilha
da lista de países terroristas.
Novo chanceler e expurgo
Ontem, o governo cubano
disse estar disposto a discutir
questões de direitos humanos
com a União Europeia, mas sublinhou que a situação das prisões não estará na mesa.
O anúncio foi feito pelo novo
chanceler da ilha, Bruno Rodríguez, ao lado do comissário europeu para Desenvolvimento e
Ajuda Humanitária, Louis Michel, que visita Havana. A UE
reativou conversações com Cuba em 2008, cinco anos depois
de rompê-las após a prisão de
75 dissidentes em 2003.
A onda repressiva completou
ontem seis anos e os EUA cobraram a libertação dos 54 presos políticos ainda na cadeia. Já
o chanceler cubano pediu a
Washington a libertação dos
"cinco presos políticos", os cubanos condenados nos EUA
por espionagem.
Questionado sobre a demissão de seu antecessor, Felipe
Pérez Roque, Rodríguez disse
que já havia informação "suficiente" sobre o tema. Pérez Roque deixou o cargo após assumir "erros" que não citou. O
mesmo aconteceu com o ex-"premiê" Carlos Lage.
Com agências internacionais
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