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Obama visitará México em meio a aumento da tensão bilateral
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem
que visitará o México entre 16 e
17 de abril, à véspera da Cúpula
das Américas, para reunião
com o colega Felipe Calderón.
Será a primeira viagem de
Obama após a posse a um país
latino-americano, em meio ao
azedamento da relação bilateral por causa da violência crescente do narcotráfico na fronteira e da disputa comercial que
irrompeu nesta semana com o
sócio americano no Nafta (Tratado de Livre Comércio da
América do Norte).
Antes de Obama, também
vão ao México a secretária de
Estado, Hillary Clinton, na próxima semana, e os secretários
da Justiça, Eric Holder, e da Segurança Interna, Janet Napolitano, no começo de abril.
A trupe terá trabalho: Calderón reclamou na semana passada da "escalada de uma campanha" contra o México nos EUA.
Ele se referia ao relatório do
Departamento de Estado que,
no mês passado, alertou que o
México estava perto de se tornar um "Estado falido" se não
acabasse com o poder dos narcotraficantes.
Os EUA consomem 90% da
droga que passa pelo território
mexicano, e armas americanas
alimentam o poder de fogo dos
cartéis na fronteira, onde desde
2007 Calderón pôs o Exército
no combate ao tráfico.
"Nossos dois países estão ligados por mais que apenas uma
fronteira comum. Queremos
que o destino do México seja
bom, porque ele terá um impacto residual nos EUA", afirmou Holder ontem.
Ainda nesta semana, a Casa
Branca deverá dar a largada em
um plano de várias agências governamentais contra a violência na fronteira sul. Embora
Obama negue intenção de militarizar a região, o Exército já
está usando na área aviões de
vigilância não-tripulados.
Disputa comercial
Não bastasse a violência,
uma disputa comercial explodiu nos últimos dias entre os
dois países. Como resposta ao
cancelamento, pelos EUA, de
um programa de testes que permitiria que caminhões mexicanos entregassem produtos em
território americano, o México
decidiu cobrar tarifas de 10% a
45% sobre pelo menos 90 produtos do vizinho do norte.
O programa foi cancelado
sob pressão de grupos que citavam preocupações de segurança e também de perda de empregos de motoristas dos EUA.
A Casa Branca disse ter encomendado um modelo diferente
para a permissão. O México
vende para os EUA 85% de suas
exportações e afirma que o fim
do programa viola regras do
Nafta. As tarifas, que incidirão
sobre US$ 2,4 bilhões em produtos, passam a vigorar hoje.
Além disso, Obama afirmou
que tratará da questão da imigração na visita. Em reunião
com a bancada latina no Congresso ontem, ele disse que colocará seu peso político a favor
da reforma migratória para os
estimados 12 milhões de trabalhadores ilegais que vivem nos
EUA hoje -dos quais 10 milhões seriam mexicanos.
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