São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Obama visitará México em meio a aumento da tensão bilateral

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem que visitará o México entre 16 e 17 de abril, à véspera da Cúpula das Américas, para reunião com o colega Felipe Calderón.
Será a primeira viagem de Obama após a posse a um país latino-americano, em meio ao azedamento da relação bilateral por causa da violência crescente do narcotráfico na fronteira e da disputa comercial que irrompeu nesta semana com o sócio americano no Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte).
Antes de Obama, também vão ao México a secretária de Estado, Hillary Clinton, na próxima semana, e os secretários da Justiça, Eric Holder, e da Segurança Interna, Janet Napolitano, no começo de abril.
A trupe terá trabalho: Calderón reclamou na semana passada da "escalada de uma campanha" contra o México nos EUA. Ele se referia ao relatório do Departamento de Estado que, no mês passado, alertou que o México estava perto de se tornar um "Estado falido" se não acabasse com o poder dos narcotraficantes.
Os EUA consomem 90% da droga que passa pelo território mexicano, e armas americanas alimentam o poder de fogo dos cartéis na fronteira, onde desde 2007 Calderón pôs o Exército no combate ao tráfico.
"Nossos dois países estão ligados por mais que apenas uma fronteira comum. Queremos que o destino do México seja bom, porque ele terá um impacto residual nos EUA", afirmou Holder ontem.
Ainda nesta semana, a Casa Branca deverá dar a largada em um plano de várias agências governamentais contra a violência na fronteira sul. Embora Obama negue intenção de militarizar a região, o Exército já está usando na área aviões de vigilância não-tripulados.

Disputa comercial
Não bastasse a violência, uma disputa comercial explodiu nos últimos dias entre os dois países. Como resposta ao cancelamento, pelos EUA, de um programa de testes que permitiria que caminhões mexicanos entregassem produtos em território americano, o México decidiu cobrar tarifas de 10% a 45% sobre pelo menos 90 produtos do vizinho do norte.
O programa foi cancelado sob pressão de grupos que citavam preocupações de segurança e também de perda de empregos de motoristas dos EUA. A Casa Branca disse ter encomendado um modelo diferente para a permissão. O México vende para os EUA 85% de suas exportações e afirma que o fim do programa viola regras do Nafta. As tarifas, que incidirão sobre US$ 2,4 bilhões em produtos, passam a vigorar hoje.
Além disso, Obama afirmou que tratará da questão da imigração na visita. Em reunião com a bancada latina no Congresso ontem, ele disse que colocará seu peso político a favor da reforma migratória para os estimados 12 milhões de trabalhadores ilegais que vivem nos EUA hoje -dos quais 10 milhões seriam mexicanos.


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