São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Austríaco que prendeu filha admite culpa por morte de bebê e pode ter pena menor

DA REDAÇÃO

O austríaco Josef Fritzl causou surpresa ontem ao se declarar, ante a corte, culpado de todas as seis acusações contra ele: assassinato, estupro, escravização, coerção, cárcere privado e incesto. Até então, o engenheiro confessara ter mantido a filha Elisabeth no porão de sua casa por 24 anos e tido sete filhos com ela, mas negara responsabilidade na morte de uma das crianças -ato que pode levá-lo à prisão perpétua. O veredicto deve sair hoje.
O porta-voz do tribunal de Sankt Pölten (69 km de Viena), Franz Cutka, afirma que a declaração de Fritzl pode servir de atenuante e reduzir a sentença imputada ao réu. Sob a lei austríaca, o júri terá de se pronunciar mesmo após a admissão de culpa, e os juízes decidirão a pena.
Fritzl, 73, disse à juíza que decidiu assumir sua culpa após assistir ao depoimento em vídeo de Elisabeth -no qual, por 11 horas, ela descreveu uma rotina de estupros. Testemunhas disseram que a própria Elisabeth esteve na corte, o que não foi confirmado pelas autoridades.
Elisabeth (hoje com 42 anos) ficou presa no porão de sua casa de 1984 até o ano passado, quando o caso veio à tona. Três de seus filhos foram criados por Fritzl, que simulou seu abandono na porta da casa; os demais passaram a vida no porão. Mas uma das crianças nasceu com problemas respiratórios e morreu ainda recém-nascida, sem cuidados médicos, em 1996. O corpo foi incinerado no jardim da casa. A Promotoria acusa Fritzl de assassinato por omissão de socorro.
"Pensei que o bebê sobreviveria. Deveria ter percebido [a gravidade de seu estado]. Só ontem [anteontem] vi como fui cruel com Elisabeth", disse ele ao tribunal.
Elisabeth e seus seis filhos, de idades entre 6 e 20 anos, passaram meses sob cuidados psicológicos e vivem hoje com nova identidade.
Uma avaliação psiquiátrica determinou que Fritzl é ciente de seus atos. Mas a psiquiatra Adelheid Kastner, que o examinou, disse ao tribunal que ele sofre de uma forte alteração de personalidade e poderia reincidir. Ela recomendou que, se condenado, ele passe parte da sentença em uma prisão psiquiátrica.


Com agências internacionais


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