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Cuba tolera protesto contra prisões em massa
Um dia depois de serem retiradas das ruas à força, Damas de Branco ganham escolta durante passeata por Havana Velha
Protesto marca 7º aniversário de ofensiva repressora que levou 75 opositores à prisão; mães e mulheres irão às ruas por 7 dias para pedir solturas
DA REDAÇÃO
Um dia depois de terem sido
carregadas em ônibus durante
uma marcha, as mães e as mulheres de presos políticos cubanos do grupo Damas de Branco
realizaram uma passeata pelas
ruas de Havana Velha, ontem.
O grupo promove atos diários desde segunda-feira e promete fazê-lo até domingo para
marcar o aniversário da chamada "Primavera Negra", a última
forte onda de repressão contra
dissidentes do regime castrista,
ocorrida em 18 de março de
2003, resultando na prisão de
75 dissidentes -mais de 50
continuam encarcerados.
Ontem, apesar do tumulto
causado pelas centenas de manifestantes pró-regime, as mulheres -cerca de 30- seguiram
de uma igreja na rua Cuba à casa da líder Laura Pollán passando pela rua Obispo e a praça José Martí, que abriga hotéis.
Em uma mudança radical, os
agentes de segurança que, anteontem, agrediram as Damas
de Branco para forçá-las a entrar nos ônibus, ontem fizeram
um cordão para separá-las da
turba de governistas, que as silenciava com gritos de "as ruas
pertencem a Fidel".
Durante o percurso de uma
hora e meia, as mulheres gritaram por "liberdade" e evitaram
ataques frontais. Foi só ao final,
já na casa de Pollán, que surgiram gritos de "assassino" e pedidos de soltura dos presos políticos da ilha. "Marchamos pela liberdade, pela mudança, pelos direitos humanos que deveriam ser respeitados, e não violados", disse a manifestante Tania Montoya Vázquez, cujo marido, preso em 2003, foi condenado em 2008 a cinco anos.
De Londres, a Anistia Internacional pediu que Cuba "deixe
de acossar os que só estão pedindo justiça e exercendo a sua
liberdade de expressão".
Contrarrevolução
Horas após o conflito de anteontem, a agência estatal de
notícias cubana Prensa Latina
noticiou o comparecimento de
"representantes" diplomáticos
dos EUA, da Alemanha e da República Tcheca nos atos dos últimos dias e apontou sua "aberta colaboração com grupinhos
contrarrevolucionários".
Segundo a agência, naquele
dia, as mulheres tinham sido
"retiradas para evitar incidentes violentos", e não presas.
À noite, a TV estatal cubana
realizou uma mesa redonda de
duas horas com jornalistas que
acusaram as Damas de Branco
de organizarem "provocações"
e denunciaram a "feroz campanha midiática" organizada pelo
"império, seus cúmplices e seus
mercenários" contra Cuba.
Essa "campanha", conforme
a TV cubana, começou com a
morte, mês passado, do preso
político Orlando Zapata Tamayo, após 85 dias de greve de fome -a mãe dele, Reyna Tamayo, participa dos protestos do
Damas de Branco.
O governo cubano nega manter presos políticos e os considera criminosos comuns estimulados pelos EUA com intuito de desestabilizar o regime.
Nos últimos dias, Havana
ainda elevou o tom contra a
União Europeia, cujo Parlamento aprovou no dia 11 condenação pela morte de Zapata.
Com agências internacionais
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