São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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EUA apóiam política de Israel

DA REDAÇÃO

A Casa Branca apoiou sábado à noite a iniciativa israelense de eliminar o líder do Hamas, Abdel Aziz Rantisi. Disse que Israel tem o direito de se defender contra os terroristas. A reação foi divulgada três horas depois do ato em Gaza.
Antes dela, o Departamento de Estado havia sido menos categórico. Um porta-voz que não se identificou, ouvido pela Reuters, insistiu que os EUA não tinham dado sinal verde para um ato que qualificou de "assassinato".
A CNN colheu declaração bastante parecida. O que bastou para que a AFP abrisse seu despacho em francês sobre a reação americana com o fato de Washington se dissociar dos israelenses.
Só bem mais tarde o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, foi bem mais conciliatório. Mesmo assim, McClellan disse que "Israel precisa considerar cuidadosamente as conseqüências".
Acabou prevalecendo a segunda reação, por não se tratar de uma tomada de posição anônima e também porque, na hierarquia de Washington, a Casa Branca se sobrepõe ao que vem do Departamento de Estado.
O candidato presidencial democrata John Kerry, embora bastante crítico à política externa de Bush, concordou com a Casa Branca ao afirmar que "Israel tem todo o direito do mundo em responder a todo ato de terrorismo". E acrescentou: "O Hamas é uma brutal organização terrorista, teve anos para se transformar e participar do processo do paz, o que acabou não fez".
A unidade interna nos EUA contrasta com as reações de condenação de Israel nos demais países do mundo. O papa João Paulo 2º qualificou o a morte do dirigente do Hamas de "ato desumano". Disse que estava acompanhando com grande tristeza as notícias que chegavam "da Terra Santa e do Iraque".
O responsável pela política externa da União Européia, Javier Solana, disse que a morte do dirigente "não facilita uma saída positiva a paz no Oriente Médio".
Brian Cowen, ministro do Exterior da Irlanda, país que detém a presidência da UE no atual semestre, exortou para que "cessem de imediato semelhantes violências" e disse que as "execuções extrajudiciais são contrárias ao direito internacional, cujo respeito diferencia governos democráticos e grupos terroristas".
Na França, texto do Ministério das Relações Exteriores também condenou as "execuções extrajudiciais". O novo ministro do Exterior da Espanha, Miguel Angel Moratinos, disse que o atentado foi "contraproducente" e não ajuda a restabelecer o diálogo.
A Rússia condenou "a solução das diferenças por meios extrajudiciais", enquanto o Japão disse que a morte foi "um assassinato injustificável". Os países árabes criticaram Israel.


Com agências internacionais


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