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"EIXO DO MAL"
Indagado se iria bombardear o país com ogivas nucleares, disse também que está empenhado em negociar
Para Bush, toda opção para o Irã é possível
DA REDAÇÃO
Indagado se pretendia bombardear o Irã com ogivas nucleares,
George W. Bush afirmou ontem
que "todas as opções estão sobre a
mesa" para impedir que aquele
país produza armas atômicas.
Disse, no entanto, que continua
empenhado na opção diplomática para forçar os iranianos a abandonar essa ambição.
"Queremos resolver essa questão diplomaticamente e estamos
trabalhando com empenho para
que isso aconteça", declarou o
presidente americano.
A expressão "todas as opções
sobre a mesa" é uma forma eufêmica de não descartar a mais dura
das alternativas militares, a do
bombardeio nuclear do Irã.
A hipótese de que isso aconteça
de verdade foi levantada neste
mês pela revista "New Yorker",
que mencionou detalhes dos preparativos dessa operação. É também verossímil que, ao vazar tais
informações, os EUA procurem
primordialmente dissuadir o Irã a
se radicalizar a tal ponto que a opção militar seja inevitável.
Bush insistiu na diplomacia no
momento em que representantes
dos cinco membros do Conselho
de Segurança da ONU (Reino
Unido, França, China, Rússia e os
próprios Estados Unidos) chegavam a Moscou para discutir a
questão iraniana.
O Irã recebeu do CS um ultimato para cessar até o próximo dia
28 o enriquecimento de urânio.
Mas declarações do primeiro escalão de seu governo, a começar
do presidente Mahmoud Ahmadinejad, revelam inexistir uma
perspectiva de recuo.
Ahmadinejad, pelo contrário,
declarou ainda ontem que as Forças Armadas estão preparadas
para defender o país, caso os ocidentais optem pela guerra.
O Exército iraniano, afirmou,
"cortará as mãos de qualquer
agressor e fará com que ele lamente" o conflito desencadeado.
Os EUA, a França e o Reino Unido estão dispostos a adotar sanções caso prossiga a intransigência iraniana. Mas Moscou e Pequim -com programas ambiciosos de investimentos no Irã-
descartam essa alternativa.
Ontem à noite, após uma primeira rodada de discussões de
três horas em Moscou (a Alemanha estava presente, apesar de
não ser membro permanente do
Conselho de Segurança), diplomata americano citado pela Associated Press disse persistirem discordâncias quanto às formas para
punir o regime iraniano.
Horas antes, o porta-voz da diplomacia russa, Mikhail Kamynin, disse que seu país "está convencido de que não é possível eliminar as preocupações da comunidade internacional sobre o programa nuclear iraniano por meio
da força ou de sanções".
Mesmo assim, relata a France
Presse, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, "pediu com
insistência" ao chefe da diplomacia iraniana, Manouchehr Mottaki, para que o Irã interrompa a
produção de combustível nuclear.
Quanto à China, o porta-voz da
chancelaria Qin Gang disse ontem, em Pequim, que um enviado
especial de seu país tentará convencer Teerã a fazer concessões.
Mas o Irã entrará na agenda do
presidente chinês, Hu Jintao, que
será recebido por Bush amanhã,
na Casa Branca. Segundo o presidente americano, "o assunto iraniano será discutido" durante o
encontro, por mais que analistas
acreditem que a conversa terminará inconclusiva.
Além dos interesses econômicos que mantém no Irã, a China
estará consumindo no ano que
vem 7.9 bilhões de barris de petróleo por dia (nos EUA, serão
21,4 bilhões). Ela importa o combustível do Irã, mas não é esse o
único aspecto de seu temor. Os
chineses também temem uma diminuição da oferta e um aumento
ainda maior nos preços.
O petróleo estava ontem cotado
a mais de US$ 70 o barril, o que
demonstra o nervosismo dos
mercados com a atual crise.
Com agências internacionais
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