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AMÉRICA LATINA
Contagem de votos no exterior não reduz a diferença para García
Caem as chances de Flores no Peru
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Principal esperança da direitista
Lourdes Flores, a chegada dos votos depositados por peruanos no
exterior encurtou mas não reverteu a pequena vantagem em favor
do ex-presidente de centro-esquerda Alan García, que já tem falado como o adversário do nacionalista Ollanta Humala no segundo turno. O resultado oficial só
deve sair na semana que vem, segundo o Onpe (Escritório Nacional de Processos Eleitorais).
Ontem à tarde, computados
56,73% dos votos no estrangeiro e
90,78% do universo total, o candidato do Apra mantinha uma vantagem de 0,82 ponto percentual
sobre Flores -o correspondente
a 83.809 votos.
Mesmo com a ampla vantagem
de Flores sobre García nos votos
vindos do exterior -59,16% contra 16%-, o pequeno universo
(2,7% dos eleitores) e a alta abstenção (50% no estrangeiro, contra 10% no território peruano) inviabilizam uma virada.
O tenente-coronel Humala, o
candidato-surpresa das eleições
peruanas, continua na frente com
30,8% dos votos válidos. As porcentagens de García e Flores são
24,3% e 23,5%, respectivamente.
Segundo projeção do jornal "La
República", Flores só poderá encurtar em cerca de 60 mil votos a
distância que a separa de García.
A equipe do ex-presidente tem
assegurado que ganhará por até
60 mil votos. No final de semana,
García retirou as denúncias de irregularidades supostamente a favor de Flores em Miami e em Madri. O gesto foi entendido como
uma confiança em que os votos
no exterior não seriam decisivos.
Parte da imprensa, aliás, já trata
García como vencedor. Dois dos
mais importantes jornais do país,
"La República" e "Peru 21", tratam em suas manchetes de qual
seria a estratégia do ex-presidente
no segundo turno.
Flores, por outro lado, tem falado pouco nos últimos dias. Ela
tem afirmado que qualquer que
seja o resultado final a diferença
será pequena e que nada ainda está decidido. Em 2001, ela já havia
perdido a vaga no segundo turno
para García.
A última esperança de Flores está agora nas atas eleitorais à espera de uma decisão da Justiça eleitoral, o que representa pouco menos de 10% dos votos (cerca de 1,5
milhão). Apenas uma pequena
parte seria de Lima, principal reduto da Unidade Nacional no
país. A Justiça promete decidir todos os casos até sexta-feira.
Para o diretor de um dos mais
importantes institutos de pesquisas eleitorais do Peru, apenas uma
combinação improvável daria vitória a Flores.
"Se o que ficou sob observação
reflete a composição nacional, seria possível dizer que as coisas não
mudariam. Mas, se o que falta para processar tende para um dos
lados, essa é dúvida que não permite aceitar alguém como vencedor. E o problema é que a votação
neste ano foi muito heterogênea",
disse ele à Folha, sob a condição
do anonimato. Para ele, porém,
"as apostas são em García".
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