São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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AMÉRICA LATINA

Contagem de votos no exterior não reduz a diferença para García

Caem as chances de Flores no Peru

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Principal esperança da direitista Lourdes Flores, a chegada dos votos depositados por peruanos no exterior encurtou mas não reverteu a pequena vantagem em favor do ex-presidente de centro-esquerda Alan García, que já tem falado como o adversário do nacionalista Ollanta Humala no segundo turno. O resultado oficial só deve sair na semana que vem, segundo o Onpe (Escritório Nacional de Processos Eleitorais).
Ontem à tarde, computados 56,73% dos votos no estrangeiro e 90,78% do universo total, o candidato do Apra mantinha uma vantagem de 0,82 ponto percentual sobre Flores -o correspondente a 83.809 votos.
Mesmo com a ampla vantagem de Flores sobre García nos votos vindos do exterior -59,16% contra 16%-, o pequeno universo (2,7% dos eleitores) e a alta abstenção (50% no estrangeiro, contra 10% no território peruano) inviabilizam uma virada.
O tenente-coronel Humala, o candidato-surpresa das eleições peruanas, continua na frente com 30,8% dos votos válidos. As porcentagens de García e Flores são 24,3% e 23,5%, respectivamente.
Segundo projeção do jornal "La República", Flores só poderá encurtar em cerca de 60 mil votos a distância que a separa de García.
A equipe do ex-presidente tem assegurado que ganhará por até 60 mil votos. No final de semana, García retirou as denúncias de irregularidades supostamente a favor de Flores em Miami e em Madri. O gesto foi entendido como uma confiança em que os votos no exterior não seriam decisivos.
Parte da imprensa, aliás, já trata García como vencedor. Dois dos mais importantes jornais do país, "La República" e "Peru 21", tratam em suas manchetes de qual seria a estratégia do ex-presidente no segundo turno.
Flores, por outro lado, tem falado pouco nos últimos dias. Ela tem afirmado que qualquer que seja o resultado final a diferença será pequena e que nada ainda está decidido. Em 2001, ela já havia perdido a vaga no segundo turno para García.
A última esperança de Flores está agora nas atas eleitorais à espera de uma decisão da Justiça eleitoral, o que representa pouco menos de 10% dos votos (cerca de 1,5 milhão). Apenas uma pequena parte seria de Lima, principal reduto da Unidade Nacional no país. A Justiça promete decidir todos os casos até sexta-feira.
Para o diretor de um dos mais importantes institutos de pesquisas eleitorais do Peru, apenas uma combinação improvável daria vitória a Flores.
"Se o que ficou sob observação reflete a composição nacional, seria possível dizer que as coisas não mudariam. Mas, se o que falta para processar tende para um dos lados, essa é dúvida que não permite aceitar alguém como vencedor. E o problema é que a votação neste ano foi muito heterogênea", disse ele à Folha, sob a condição do anonimato. Para ele, porém, "as apostas são em García".


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