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Soweto, símbolo da resistência, se divide em mansões e casas com teto de zinco
DO ENVIADO A JOHANESBURGO
Mártir da luta contra o apartheid, Chris Hani, morto em
1993 por extremistas brancos,
dá nome à avenida que corta o
distrito do Soweto, dividindo-o
em duas metades distintas.
Para o sul, está o Soweto gravado no imaginário coletivo
mundial, de grandes favelas
com casas de teto de zinco e
chão de terra alaranjada. Para o
norte, intercalado com shoppings, escolas e hospitais, há
um lugar com casas de tijolo de
muro alto, jardins com grama
cortada e eventualmente uma
BMW virando a esquina. E que
também se chama Soweto.
Nenhum lugar na África do
Sul adquiriu o simbolismo desse distrito de 1 milhão de pessoas (na verdade, uma coleção
de 87 subdistritos), ao sudoeste
de Johanesburgo, na resistência à segregação racial. Nelson
Mandela e o arcebispo Desmond Tutu mantêm casas ali.
Nos últimos anos, Soweto
perdeu muito de sua homogeneidade, embora continue sendo quase 100% habitado por
negros. Diepkroof, um subdistrito, surgiu no final do apartheid para abrigar negros com
alguma escolaridade. Hoje lembra um condomínio fechado.
Ali vivem profissionais liberais que trabalham no centro
de Johanesburgo ou em Pretoria, a capital do país, a 50 km de
distância. "As pessoas pensam
nesse lugar como uma área de
classe alta, e não como Soweto", diz Reabetswe Mogatusi,
19, estudante universitária.
Diepkroof fica no alto de uma
colina, de onde se avista a Soweto tradicional, de favelas intermináveis. O governo do
CNA afirma ter construído 2,7
milhões de casas populares, algumas visíveis no local.
Mas nada disso chegou, por
exemplo, a Mutswalete, que
tem o título de subdistrito, mas
pode ser chamado de favela.
Há luz nas vielas de chão de
terra, mas não dentro das casas.
"Usamos baterias de carro para
ligar um radinho ou acender
uma lâmpada", diz Innocent Sithole, 26. O maior problema é o
desemprego. "Os empregos
que aparecem são muito
ruins", diz Floyd, 25, que vende
cabritos para sobreviver.
Mesmo assim, não há dúvida
em quem Soweto vota. "CNA:
poder para as pessoas!", responde Floyd. Ele é paciente: "O
estrago de 50 anos [de apartheid] não tem como ser desfeito rapidamente".
(FZ)
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