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Liberalismo abalado dá mais força
à esquerda
DO ENVIADO
A JOHANESBURGO
A perspectiva de alternância
de poder finalmente existe na
África do Sul, apesar de a máquina do Congresso Nacional
Africano e o carisma de Jacob
Zuma, um careca de sorriso largo, muitas mulheres e a aura de
"homem do povo", darem amplo favoritismo ao partido.
Há quem afirme que suas gafes, como a de dizer que se previne da Aids tomando banho
após uma relação sexual, só
contribuem para a sua popularidade (vários cartazes eleitorais de Zuma foram vandalizados com o acréscimo de um
chuveiro desenhado a caneta
sobre sua foto).
Se transição pode haver é a
de um modelo neoliberal de governo, simbolizado pelo austero e carrancudo Thabo Mbeki,
que ocupou a Presidência de
1999 a setembro do ano passado, para o populismo econômico de Zuma.
Nunca os coligados históricos do CNA, o Partido Comunista Sul-Africano e o Cosatu
(espécie de CUT local), tiveram
tanta influência na campanha,
o que indica uma provável guinada à esquerda.
Uma das propostas é criar
uma "comissão central de planejamento", ligada à Presidência, de inspiração socialista.
"No passado, nós nos concentramos em estabilizar a economia, e a hora é de trabalhar
para os mais pobres", diz Lindiwe Zulu, porta-voz do CNA e da
campanha de Zuma.
O novo presidente herdará
problemas como a crise no
Zimbábue, as inúmeras guerras
africanas, o impacto da desaceleração econômica, altas taxas
de criminalidade, uma epidemia de Aids e o aumento da xenofobia contra imigrantes.
Como se não bastasse, tem de
salvar a Copa do Mundo de
2010 de um apagão logístico
que a cada dia parece mais
real.
(FZ)
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