São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Liberalismo abalado dá mais força à esquerda

DO ENVIADO A JOHANESBURGO

A perspectiva de alternância de poder finalmente existe na África do Sul, apesar de a máquina do Congresso Nacional Africano e o carisma de Jacob Zuma, um careca de sorriso largo, muitas mulheres e a aura de "homem do povo", darem amplo favoritismo ao partido.
Há quem afirme que suas gafes, como a de dizer que se previne da Aids tomando banho após uma relação sexual, só contribuem para a sua popularidade (vários cartazes eleitorais de Zuma foram vandalizados com o acréscimo de um chuveiro desenhado a caneta sobre sua foto).
Se transição pode haver é a de um modelo neoliberal de governo, simbolizado pelo austero e carrancudo Thabo Mbeki, que ocupou a Presidência de 1999 a setembro do ano passado, para o populismo econômico de Zuma.
Nunca os coligados históricos do CNA, o Partido Comunista Sul-Africano e o Cosatu (espécie de CUT local), tiveram tanta influência na campanha, o que indica uma provável guinada à esquerda.
Uma das propostas é criar uma "comissão central de planejamento", ligada à Presidência, de inspiração socialista.
"No passado, nós nos concentramos em estabilizar a economia, e a hora é de trabalhar para os mais pobres", diz Lindiwe Zulu, porta-voz do CNA e da campanha de Zuma.
O novo presidente herdará problemas como a crise no Zimbábue, as inúmeras guerras africanas, o impacto da desaceleração econômica, altas taxas de criminalidade, uma epidemia de Aids e o aumento da xenofobia contra imigrantes.
Como se não bastasse, tem de salvar a Copa do Mundo de 2010 de um apagão logístico que a cada dia parece mais real. (FZ)


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