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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Ataque acontece um dia após cúpula israelo-palestina e leva Ariel Sharon a adiar viagem a Washington

Atentado suicida em Jerusalém mata sete

Jean-Paul Pellesier/Reuters
Equipes de resgate retiram corpo de israelense de ônibus em Jerusalém após ataque terrorista suicida que matou sete pessoas


DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida palestino vestido como judeu religioso explodiu ontem um ônibus em Jerusalém, matando sete pessoas além de si mesmo. Pouco depois, um outro terrorista suicida disparou sua carga de explosivos na mesma vizinhança de Jerusalém, matando apenas a si próprio.
A nova onda de violência ocorreu poucas horas depois da reunião de cúpula entre o premiê israelense, Ariel Sharon, e seu homólogo palestino, Abu Mazen, no primeiro encontro de alto nível entre autoridades israelenses e palestinas nos últimos dois anos.
Devido aos atentados, Sharon adiou uma viagem que faria a Washington nesta semana para discutir o novo plano de paz patrocinado pelos EUA, pela União Européia, pela Rússia e pela ONU.
Vestindo "kipá" (solidéu) e "talit" (xale de orações), o primeiro terrorista disparou sua carga de explosivos pouco depois de embarcar no ônibus. A bomba continha bolinhas de metal para magnificar seu poder de destruição. Depois do ataque, havia sangue e pedaços de corpos espalhados pelo que restou do veículo. Além dos mortos, pelo menos 20 pessoas ficaram feridas, segundo a polícia.
O grupo terrorista Hamas assumiu a autoria do atentado em sua página na internet. Diz que o bairro atacado, French Hill, foi ocupado por Israel depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Israel responsabilizou o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, pelos ataques. Arafat negou a acusação. Israel e EUA vêm tentando minar o poder de Arafat. A criação do posto de primeiro-ministro da ANP e a indicação de um moderado (Mazen) para ocupá-lo foram exigências dos EUA.
Sharon reuniu-se com o ministro da Defesa, Shaul Mofaz, e logo depois convocou seu gabinete. De acordo com auxiliares de Sharon, Israel vai tentar tomar medidas para acabar com o que considera serem tentativas de Arafat de sabotar o recém-eleito premiê palestino, que estaria tentando acabar com a violência.
"Será preciso realizar uma operação cirúrgica para separar o elemento do governo que trabalha como uma organização terrorista daquele que quer estabelecer um curso de ação diferente", disse Raanan Gissin, porta-voz de Sharon. Ontem mesmo, tropas israelenses voltaram a fechar os territórios ocupados.
A porta-voz da Casa Branca Ashley Spee condenou os atentados e disse que o governo americano vai trabalhar com o israelense para marcar uma nova data para a visita de Sharon a Washington, que aconteceria amanhã. O premiê israelense planejava utilizar o encontro com Bush para expor suas reservas em relação ao plano de paz. O atentado serviria aos propósitos de Sharon de retardar o processo de negociações.

Estado palestino
A proposta de paz estipula uma série de passos que culminariam na criação de um Estado palestino, em 2005, em Gaza e na Cisjordânia. O governo de Abu Mazen já subscreveu o plano; o de Sharon, alegando preocupações com a segurança, ainda não o fez.
No sábado à noite, Sharon e Abu Mazen se encontraram em Jerusalém, mas não conseguiram resolver diferenças sobre quem deve dar os primeiros passos para implementar o plano.
A nova onda de violência deverá reforçar as exigências de Sharon de que o governo palestino desbarate os grupos palestinos extremistas antes de Israel relaxar sua presença militar nos territórios palestinos ocupados.
Os atentados de ontem foram precedidos, no sábado, de um ataque suicida que matou um colono judeu e sua mulher grávida na cidade de Hebron (Cisjordânia). Também no sábado, Israel havia matado quatro palestinos que eram suspeitos de atuar em grupos extremistas.

Com agências internacionais


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