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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Declaração foi feita por enviado americano para o setor petrolífero iraquiano

Iraque pode deixar Opep, dizem EUA

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O Iraque pode deixar a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), indicou em Bagdá o enviado americano para o setor petrolífero do país.
Sua declaração ocorre num final de semana marcado tanto por atritos entre a administração americana e grupos iraquianos quanto por sinais de que problemas externos estão a caminho.
Em entrevista ao jornal "The Washington Post", Philip J. Carroll, ex-presidente da Shell americana, disse que, a partir de agora, os iraquianos podem querer estabelecer suas próprias cotas de produção de petróleo -o que significa ignorar o motivo básico da existência do cartel dos maiores exportadores mundiais.
"Historicamente, o Iraque tem tido uma participação irregular no sistema de cotas da Opep. De tempos em tempos, eles têm optado por seu próprio caminho. Podem escolher fazer isso de novo. É uma questão nacional importante", disse Carroll, presidente da comissão que tem aconselhado os iraquianos sobre petróleo.
A saída do Iraque, dono da segunda maior reserva de petróleo do mundo, seria um duro golpe à política de preços controlados praticada pela Opep -que, aliás, foi criada em Bagdá, em 1960.
Além disso, Carroll tocou num ponto que poderá ser outro motivo de atrito internacional para os EUA: a quebra dos antigos contratos iraquianos com França, Rússia e China, fornecedores de serviços e maquinário para a exploração do petróleo no país.
"Certamente, nas partes em que os contratos são excessivamente benéficos para uma parte, e essa parte não é a população iraquiana, e houver base legal para não continuar, espero que o ministério queira pensar de novo."
Antes de que tais conflitos se concretizem, porém, os enviados dos EUA têm pela frente o desafio de acalmar grupos iraquianos descontentes com o processo de transferência de poder.
Ontem, o administrador americano no Iraque, L. Paul Bremer, tentou apagar o incêndio causado por reportagem do jornal "The New York Times". Segundo o diário, ele teria dito a líderes iraquianos que decidira adiar indefinidamente a formação do governo interino, prevista para o final do mês. Políticos da antiga oposição iraquiana, disse o "Times", saíram da reunião irritados.
"Eu vi uma reportagem na imprensa americana sobre um adiamento. Não sei se de onde vêm essas histórias porque não adiamos nada", afirmou Bremer durante visita à cidade de Mossul, terceira maior cidade do Iraque. "Estamos nos movendo rapidamente para a fase de transição", disse.
Em sua primeira viagem ao norte do país, Bremer participou de reunião na qual foi formado o que é considerado o primeiro conselho eleito no Iraque no pós-guerra -definido pelo americano como "grande exemplo de democracia embrionária".
Com 32 membros, o conselho foi eleito por 230 membros representativos das principais famílias e grupos étnicos da cidade.
Em Massachusetts, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei, reclamou de novo por não poder voltar a procurar armas no Iraque. "Estou ficando frustrado por não ter resposta", disse ele, que já enviou pedido a Washington. Os EUA têm reservado a tarefa a seus inspetores.

Mortes
Três soldados americanos foram mortos e quatro ficaram feridos em três incidentes separados neste fim de semana, na região do golfo Pérsico, segundo informou o Comando Central dos EUA.
Um militar morreu e três ficaram feridos em explosão causada por munições não detonadas em Bagdá no sábado.
Ontem um soldado foi morto por um disparo "não hostil" no Kuait. Um marine morreu e outro ficou ferido em acidente de caminhão no sul do Iraque.


Com agências internacionais


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