São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006 |
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ÁSIA Surto de violência foi dos mais graves desde a queda do Taleban; líder afegão aponta incitação proveniente do Paquistão Confrontos no Afeganistão matam 105
DA REDAÇÃO Em um dos combates mais sangrentos desde a queda do regime do Taleban, em 2001, centenas de homens armados com metralhadoras e fuzis tomaram de assalto uma pequena cidade, detonaram dois carros-bomba e travaram confrontos com forças afegãs e da coalizão liderada pelos EUA, ontem e anteontem. Até 105 pessoas foram mortas, incluindo diversos membros do Taleban e um civil americano. A violência esteve concentrada nas Províncias de Helmand e Kandahar, no sul do país, berço do regime radical islâmico derrubado com a invasão do Afeganistão pelos EUA, após o 11 de Setembro. Houve um recrudescimento de ataques do Taleban nos últimos meses, mas os confrontos que explodiram na noite de quarta-feira e ontem marcam uma escalada de violência numa região que deve passar ao controle da Otan (aliança militar ocidental) até julho. Segundo as autoridades, o saldo de membros do Taleban mortos nos diversos ataques era de até 87. No ataque mais feroz, entre 300 e 400 membros do Taleban usando rifles e metralhadoras atacaram instalações da polícia e de órgãos do governo na pequena cidade de Musa Qala, em Helmand, dando início a combates com forças de segurança que duraram oito horas. A polícia afirmou ter retomado o controle da cidade. Os corpos de 40 membros do Taleban foram recuperados, segundo o governo local. Outros 13 policiais foram mortos e seis foram feridos no combate. "Nunca havíamos visto esse tipo de confronto na região, tão prolongado", disse o vice-governador Amir Akhundzada. Em Kandahar, 15 policiais afegãos e uma soldado canadense foram mortos em confrontos, além de 27 membros do Taleban. A explosão de um carro-bomba matou outras duas pessoas, incluindo um civil americano, em Herat, próximo à fronteira com o Irã. Um motorista afegão foi morto no mesmo local por tiros de militares americanos que pensaram se tratar de um novo ataque. O presidente afegão, Hamid Karzai, disse que a violência é fomentada no Paquistão, cujas regiões montanhosas na fronteira concentram membros da etnia Pashtun, maioria no Taleban. "Temos relatos críveis de que dentro do Paquistão, nas madrassas [escolas islâmicas], os mulás e os professores estão dizendo aos seus alunos: "Vão ao Afeganistão para a jihad. Queimem as escolas e as clínicas'", afirmou. "Quero dizer ao governo paquistanês, que é nosso irmão, que o terrorismo é como fogo, e vai alcançá-lo também. Hoje o terrorismo é no Afeganistão. Amanhã, ele irá alcançá-lo." O porta-voz da Chancelaria do Paquistão, Tasnim Aslam, qualificou as alegações de "infundadas". O porta-voz do Ministério da Defesa afegão, general Zahir Azimi, disse que o iminente repasse do sul do país para a Otan pode estar provocando um aumento dos ataques. "Talvez o Taleban esteja tentando mostrar à Otan que eles estão ativos lá, mas as forças da Otan e da coalizão são fortes." Com agências internacionais Próximo Texto: Ajuda externa inepta enfraquece o governo Índice |
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