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PS francês deve expulsar Kouchner, novo chanceler
Ex-dirigente socialista assumiu a diplomacia no governo de direita de Sarkozy
Presidente francês cooptou
dois socialistas; partido fica
indignado, mas sabe que sai
enfraquecido por defecções
com legislativas pela frente
DA REDAÇÃO
O Partido Socialista expulsará Bernard Kouchner por ter
aceito o Ministério das Relações Exteriores no governo do
novo presidente francês, o conservador Nicolas Sarkozy.
Não está claro se haverá a
abertura de processo de expulsão ou se a decisão constará em
ata da direção partidária.
Ainda ontem, o secretário-geral do PS, François Hollande,
companheiro da candidata presidencial derrotada no segundo
turno do último dia 6, Ségolène
Royal, afirmou que "Kouchner
já não é mais membro do Partido Socialista".
Hollande disse ainda que "a
prometida abertura de Sarkozy
[em direção ao centro e à esquerda] não passou de uma
aventura individual, pela qual
Kouchner se transforma em
um ministro a mais de um governo de direita".
O novo chanceler no gabinete chefiado pelo primeiro-ministro François Fillon foi um
dos mais conhecidos e populares dirigentes do PS. Co-fundador da entidade Médicos Sem
Fronteira, ele também foi administrador civil da Província
de Kosovo, exercendo mandato
das Nações Unidas.
Ao ser ontem empossado,
afirmou desejar "lutar pelos
oprimidos" e que havia aceito o
convite para "servir à França".
Defendeu a necessidade de relançar o processo de integração
da União Européia e criticou as
posições antiamericanas do ex-presidente Jacques Chirac.
Partidário da candidatura de
Royal nas eleições presidenciais, Kouchner na época qualificou Nicolas Sarkozy de "um
novo Berlusconi".
Primeira reunião
Para um cargo bem mais modesto, o de vice-ministro para a
Avaliação de Políticas Públicas,
o presidente e seu premiê nomearam um outro socialista,
Eric Besson, ex-responsável
pelas questões econômicas no
PS e que aderiu à candidatura
Sarkozy já antes do primeiro
turno das presidenciais.
A composição do governo foi
oficialmente anunciada ontem.
Nenhuma surpresa com relação aos vazamentos da véspera.
É um gabinete centrado na
UMP (União por um Movimento Popular), partido de Sarkozy
e Fillon, com sete mulheres entre os 15 ministros e quatro secretários de Estado.
O gabinete marca a volta à
administração francesa de
Allain Juppé, no Ministério do
Meio Ambiente. Ele foi acusado por operações de desvio de
fundos nos anos 70 e 80, na
Prefeitura de Paris, quando o
prefeito era Jacques Chirac.
Seus direitos políticos foram
cassados por dez anos, decisão
em seguida reconsiderada.
Ainda ontem o presidente
comandou a primeira reunião
extraordinária do gabinete, que
pelos hábitos franceses ocorre
apenas às quartas-feiras.
Trata-se, apenas em tese, de
um governo interino, já que ele
deverá corresponder à maioria
parlamentar que sairá das legislativas de 10 e 17 de junho. As
pesquisas dão à UMP 40% das
intenções de voto, contra 28%
para os socialistas e seus aliados da esquerda.
As inscrições de candidaturas já foram fechadas. Há 7.500
candidatos para 577 cadeiras da
Assembléia Nacional.
Com agências internacionais
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