São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PS francês deve expulsar Kouchner, novo chanceler

Ex-dirigente socialista assumiu a diplomacia no governo de direita de Sarkozy

Presidente francês cooptou dois socialistas; partido fica indignado, mas sabe que sai enfraquecido por defecções com legislativas pela frente

DA REDAÇÃO

O Partido Socialista expulsará Bernard Kouchner por ter aceito o Ministério das Relações Exteriores no governo do novo presidente francês, o conservador Nicolas Sarkozy.
Não está claro se haverá a abertura de processo de expulsão ou se a decisão constará em ata da direção partidária.
Ainda ontem, o secretário-geral do PS, François Hollande, companheiro da candidata presidencial derrotada no segundo turno do último dia 6, Ségolène Royal, afirmou que "Kouchner já não é mais membro do Partido Socialista".
Hollande disse ainda que "a prometida abertura de Sarkozy [em direção ao centro e à esquerda] não passou de uma aventura individual, pela qual Kouchner se transforma em um ministro a mais de um governo de direita".
O novo chanceler no gabinete chefiado pelo primeiro-ministro François Fillon foi um dos mais conhecidos e populares dirigentes do PS. Co-fundador da entidade Médicos Sem Fronteira, ele também foi administrador civil da Província de Kosovo, exercendo mandato das Nações Unidas.
Ao ser ontem empossado, afirmou desejar "lutar pelos oprimidos" e que havia aceito o convite para "servir à França". Defendeu a necessidade de relançar o processo de integração da União Européia e criticou as posições antiamericanas do ex-presidente Jacques Chirac.
Partidário da candidatura de Royal nas eleições presidenciais, Kouchner na época qualificou Nicolas Sarkozy de "um novo Berlusconi".

Primeira reunião
Para um cargo bem mais modesto, o de vice-ministro para a Avaliação de Políticas Públicas, o presidente e seu premiê nomearam um outro socialista, Eric Besson, ex-responsável pelas questões econômicas no PS e que aderiu à candidatura Sarkozy já antes do primeiro turno das presidenciais.
A composição do governo foi oficialmente anunciada ontem. Nenhuma surpresa com relação aos vazamentos da véspera. É um gabinete centrado na UMP (União por um Movimento Popular), partido de Sarkozy e Fillon, com sete mulheres entre os 15 ministros e quatro secretários de Estado.
O gabinete marca a volta à administração francesa de Allain Juppé, no Ministério do Meio Ambiente. Ele foi acusado por operações de desvio de fundos nos anos 70 e 80, na Prefeitura de Paris, quando o prefeito era Jacques Chirac. Seus direitos políticos foram cassados por dez anos, decisão em seguida reconsiderada.
Ainda ontem o presidente comandou a primeira reunião extraordinária do gabinete, que pelos hábitos franceses ocorre apenas às quartas-feiras.
Trata-se, apenas em tese, de um governo interino, já que ele deverá corresponder à maioria parlamentar que sairá das legislativas de 10 e 17 de junho. As pesquisas dão à UMP 40% das intenções de voto, contra 28% para os socialistas e seus aliados da esquerda.
As inscrições de candidaturas já foram fechadas. Há 7.500 candidatos para 577 cadeiras da Assembléia Nacional.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Pontos de atrito
Próximo Texto: Argélia: Presidente conserva maioria parlamentar após a eleição
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.