São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / UNIÃO DEMOCRATA?

Campanhas de democratas falam em união

Obama deve alcançar maioria de delegados amanhã e pode anunciar sua vitória; ele já está à frente de Hillary na conta de "superdelegados"

Hillary continua dizendo que não desistirá; nesta terça, Estados de Kentucky e Oregon realizam primárias do Partido Democrata

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Por mais que em público os dois rivais mantenham as aparências, as campanhas dos pré-candidatos Barack Obama e Hillary Clinton já estão conversando sobre uma possível união no futuro próximo. As negociações se devem à constatação de ambos os lados de que, salvo imprevisto, já é certa a indicação do senador para ser o candidato da oposição à sucessão de George W. Bush.
Essa fase do processo só se encerra no dia 3 de junho, e a convenção do Partido Democrata só acontece no final de agosto. Mas Obama deve atingir a maioria dos delegados nas prévias de amanhã, em que Kentucky e Oregon vão às urnas. Segundo cálculos da Associated Press, o senador tem hoje 1.612 delegados. Para chegar à metade mais um, são necessários 1.627. Os quinze que faltam serão facilmente alcançados naqueles dois Estados, em que há respectivamente 51 e 52 delegados em jogo.
Obama aparece respectivamente com 29,8% e 52,6% das intenções de voto, segundo o site agregador de pesquisas RealClearPolitics. Conseguiria, assim, pelo menos 42 delegados -pelo sistema do partido, eles são atribuídos proporcionalmente, de acordo com o voto popular. Para obter a indicação do partido, no entanto, são necessários 2.025, aí já incluídos os "superdelegados".
Também nessa conta o senador está à frente da ex-primeira-dama. Tem hoje 297 desses membros do partido que podem votar de acordo com sua vontade, ante 275 de Hillary, que já liderou nesse quesito por mais de 100 nomes. Há 223 indecisos. Mas o ritmo de decisão desses e da "conversão" de oponentes também ajuda Obama: só nos últimos dias, quatro anunciaram seu apoio a ele.
Daí as conversas de juntar esforços entre os dois times. Uma delas aconteceu em Washington na semana passada e reuniu num jantar cerca de 35 pessoas ligadas a Hillary e Obama. "Se nós fizermos isso da maneira certa, vai haver uma grande chance de uma unificação rápida e completa do partido", disse ao "Washington Post" Mark Aronchick, um dos participantes do encontro.
Oficialmente, os dois candidatos continuam agindo como concorrentes. Em um dos comícios que fez ontem no Kentucky, Hillary ironizou o fato de Obama não ter visitado o Estado nos últimos dias. "Tenho orgulho de estar fazendo campanha no Kentucky. Como meu oponente disse que não voltaria mais aqui, tenho o Estado só para mim."
No dia anterior, no Oregon, Obama agiu de maneira condescendente com a adversária, por duas vezes referindo-se a ela com verbos no passado. No jantar para 300 pessoas, o senador falou que para alcançar a vitória em novembro seria necessário um partido unido, e pediu: "Isso significa que vocês têm de ser bonzinhos com os eleitores de Hillary".
Ele anunciou que não passaria mais a noite de terça em Portland, Oregon, como havia planejado originalmente -Hillary estará no Kentucky; tradicionalmente, cada um passa a noite no Estado em que tem mais chance de vitória. Em vez disso, sua equipe decidiu mudar o que está chamando de "celebração" para Des Moines, no Iowa, o primeiro Estado a realizar prévias -vencidas inesperadamente por Obama.
"É um Estado crítico para os democratas vencerem as eleições gerais de novembro", diz comunicado da campanha do senador, resumindo o clima.


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