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SUCESSÃO NOS EUA / UNIÃO DEMOCRATA?
Campanhas de democratas falam em união
Obama deve alcançar maioria de delegados amanhã e pode anunciar sua vitória; ele já está à frente de Hillary na conta de "superdelegados"
Hillary continua dizendo que não desistirá; nesta terça, Estados de Kentucky e Oregon realizam primárias do Partido Democrata
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Por mais que em público os
dois rivais mantenham as aparências, as campanhas dos pré-candidatos Barack Obama e Hillary Clinton já estão conversando sobre uma possível
união no futuro próximo. As
negociações se devem à constatação de ambos os lados de que,
salvo imprevisto, já é certa a indicação do senador para ser o
candidato da oposição à sucessão de George W. Bush.
Essa fase do processo só se
encerra no dia 3 de junho, e a
convenção do Partido Democrata só acontece no final de
agosto. Mas Obama deve atingir a maioria dos delegados nas
prévias de amanhã, em que
Kentucky e Oregon vão às urnas. Segundo cálculos da Associated Press, o senador tem hoje 1.612 delegados. Para chegar
à metade mais um, são necessários 1.627. Os quinze que faltam
serão facilmente alcançados
naqueles dois Estados, em que
há respectivamente 51 e 52 delegados em jogo.
Obama aparece respectivamente com 29,8% e 52,6% das
intenções de voto, segundo o site agregador de pesquisas RealClearPolitics. Conseguiria, assim, pelo menos 42 delegados
-pelo sistema do partido, eles
são atribuídos proporcionalmente, de acordo com o voto
popular. Para obter a indicação
do partido, no entanto, são necessários 2.025, aí já incluídos
os "superdelegados".
Também nessa conta o senador está à frente da ex-primeira-dama. Tem hoje 297 desses
membros do partido que podem votar de acordo com sua
vontade, ante 275 de Hillary,
que já liderou nesse quesito por
mais de 100 nomes. Há 223 indecisos. Mas o ritmo de decisão
desses e da "conversão" de oponentes também ajuda Obama:
só nos últimos dias, quatro
anunciaram seu apoio a ele.
Daí as conversas de juntar esforços entre os dois times. Uma
delas aconteceu em Washington na semana passada e reuniu num jantar cerca de 35 pessoas ligadas a Hillary e Obama.
"Se nós fizermos isso da maneira certa, vai haver uma grande
chance de uma unificação rápida e completa do partido", disse
ao "Washington Post" Mark
Aronchick, um dos participantes do encontro.
Oficialmente, os dois candidatos continuam agindo como
concorrentes. Em um dos comícios que fez ontem no Kentucky, Hillary ironizou o fato de
Obama não ter visitado o Estado nos últimos dias. "Tenho orgulho de estar fazendo campanha no Kentucky. Como meu
oponente disse que não voltaria mais aqui, tenho o Estado só
para mim."
No dia anterior, no Oregon,
Obama agiu de maneira condescendente com a adversária,
por duas vezes referindo-se a
ela com verbos no passado. No
jantar para 300 pessoas, o senador falou que para alcançar a vitória em novembro seria necessário um partido unido, e pediu: "Isso significa que vocês
têm de ser bonzinhos com os
eleitores de Hillary".
Ele anunciou que não passaria mais a noite de terça em
Portland, Oregon, como havia
planejado originalmente -Hillary estará no Kentucky; tradicionalmente, cada um passa a
noite no Estado em que tem
mais chance de vitória. Em vez
disso, sua equipe decidiu mudar o que está chamando de
"celebração" para Des Moines,
no Iowa, o primeiro Estado a
realizar prévias -vencidas
inesperadamente por Obama.
"É um Estado crítico para os
democratas vencerem as eleições gerais de novembro", diz
comunicado da campanha do
senador, resumindo o clima.
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