São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Caracas afirma ter provas de invasão colombiana

Suposta incursão na fronteira, negada pela Colômbia, aumenta tensão entre os dois países

Região é pouco povoada e tem forte presença de guerrilheiros; Chávez promete profunda revisão das relações bilaterais

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O governo Hugo Chávez prometeu ontem apresentar provas de que 60 militares colombianos invadiram o território venezuelano na última sexta-feira. O suposto incidente, negado por Bogotá, ocorre no momento em que o líder venezuelano anunciou uma "profunda revisão" das relações bilaterais em resposta à divulgação de documentos atribuídos às Farc sugerindo fortes laços entre Caracas e a guerrilha.
Na versão do governo venezuelano, a invasão ocorreu a 800 metros da fronteira com Colômbia, no Estado de Apure, região pouco povoada e de forte presença guerrilheira nos dois lados da fronteira. O grupo estaria sob o comando de um subtenente identificado como Jhonny Ocampo, sediado na base militar Cubará, no departamento colombiano de Arauca. Todos teriam sido expulsos imediatamente do país.
Anteontem, a Chancelaria venezuelana divulgou uma dura nota de protesto contra Bogotá "pela incursão ilegal de tropas do Exército colombiano em território venezuelano".
Para Caracas, o suposto incidente é um "ato de provocação (...) num momento em que o nosso governo tem denunciado a política belicista do governo colombiano, que busca deliberadamente a desestabilização da região".
A invasão foi negada ontem pelo ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. "Não estavam fazendo nada, já averiguei, não houve nenhuma incursão. Além disso, neste lugar há um rio muito caudaloso [Arauca], e é praticamente impossível que tenha ocorrido o que dizem", afirmou à rádio Caracol.
Pouco mais tarde, o ministro da Comunicação venezuelano, Andrés Izarra, reafirmou que houve invasão e disse que "temos material gráfico e outros materiais que serão apresentados em seu devido momento à opinião pública, nos quais se demonstra a incursão desse grupo de militares colombianos em nosso território".
A fronteira de 2.200 km entre os dois países é marcada pela presença de guerrilheiros e narcotraficantes e por crimes como seqüestro, extorsão e contrabando.
A tensão diplomática entre os dois lados aumentou na sexta-feira, depois de a Interpol (polícia internacional) ter certificado a autenticidade de arquivos atribuídos aos computadores do líder guerrilheiro Raúl Reyes, morto em março. Vários documentos revelam ligações estreitas entre o governo Chávez e a guerrilha.
No mesmo dia, o presidente venezuelano chamou o relatório da Interpol de "palhaçada" e anunciou a revisão das relações com a Colômbia.
Ontem, o governo do Chile entregou uma nota de protesto à embaixada venezuelana na qual rechaça declarações de Chávez contra o presidente da Interpol, o chileno Arturo Herrera. Na sexta-feira, para desqualificar o informe, venezuelano acusou-o de ter participado no desaparecimento de 26 presos políticos durante a ditadura Augusto Pinochet.
Foi o quarto país com quem Chávez teve problemas diplomáticos neste dia. Os outros foram a Alemanha e a Espanha.

"Karina"
Bogotá afirmou ontem que Nelly Avila Moreno, a "Karina", comandante da frente 47 das Farc, se entregou às forças do governo. Ela é apontada como autora do assassinato de Alberto Uribe Sierra, pai do presidente colombiano.


Texto Anterior: China começa luto de três dias e tocha pára
Próximo Texto: México: Chefe de polícia renuncia após série de ataques
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.