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Caracas afirma ter provas de invasão colombiana
Suposta incursão na fronteira, negada pela Colômbia, aumenta tensão entre os dois países
Região é pouco povoada e tem forte presença de guerrilheiros; Chávez promete profunda revisão das relações bilaterais
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo Hugo Chávez prometeu ontem apresentar provas de que 60 militares colombianos invadiram o território
venezuelano na última sexta-feira. O suposto incidente, negado por Bogotá, ocorre no momento em que o líder venezuelano anunciou uma "profunda
revisão" das relações bilaterais
em resposta à divulgação de documentos atribuídos às Farc
sugerindo fortes laços entre
Caracas e a guerrilha.
Na versão do governo venezuelano, a invasão ocorreu a
800 metros da fronteira com
Colômbia, no Estado de Apure,
região pouco povoada e de forte
presença guerrilheira nos dois
lados da fronteira. O grupo estaria sob o comando de um subtenente identificado como
Jhonny Ocampo, sediado na
base militar Cubará, no departamento colombiano de Arauca. Todos teriam sido expulsos
imediatamente do país.
Anteontem, a Chancelaria
venezuelana divulgou uma dura nota de protesto contra Bogotá "pela incursão ilegal de
tropas do Exército colombiano
em território venezuelano".
Para Caracas, o suposto incidente é um "ato de provocação
(...) num momento em que o
nosso governo tem denunciado
a política belicista do governo
colombiano, que busca deliberadamente a desestabilização
da região".
A invasão foi negada ontem
pelo ministro da Defesa, Juan
Manuel Santos. "Não estavam
fazendo nada, já averiguei, não
houve nenhuma incursão.
Além disso, neste lugar há um
rio muito caudaloso [Arauca], e
é praticamente impossível que
tenha ocorrido o que dizem",
afirmou à rádio Caracol.
Pouco mais tarde, o ministro
da Comunicação venezuelano,
Andrés Izarra, reafirmou que
houve invasão e disse que "temos material gráfico e outros
materiais que serão apresentados em seu devido momento à
opinião pública, nos quais se
demonstra a incursão desse
grupo de militares colombianos em nosso território".
A fronteira de 2.200 km entre os dois países é marcada pela presença de guerrilheiros e
narcotraficantes e por crimes
como seqüestro, extorsão e
contrabando.
A tensão diplomática entre
os dois lados aumentou na sexta-feira, depois de a Interpol
(polícia internacional) ter certificado a autenticidade de arquivos atribuídos aos computadores do líder guerrilheiro
Raúl Reyes, morto em março.
Vários documentos revelam ligações estreitas entre o governo Chávez e a guerrilha.
No mesmo dia, o presidente
venezuelano chamou o relatório da Interpol de "palhaçada"
e anunciou a revisão das relações com a Colômbia.
Ontem, o governo do Chile
entregou uma nota de protesto
à embaixada venezuelana na
qual rechaça declarações de
Chávez contra o presidente da
Interpol, o chileno Arturo Herrera. Na sexta-feira, para desqualificar o informe, venezuelano acusou-o de ter participado no desaparecimento de 26
presos políticos durante a ditadura Augusto Pinochet.
Foi o quarto país com quem
Chávez teve problemas diplomáticos neste dia. Os outros foram a Alemanha e a Espanha.
"Karina"
Bogotá afirmou ontem que
Nelly Avila Moreno, a "Karina",
comandante da frente 47 das
Farc, se entregou às forças do
governo. Ela é apontada como
autora do assassinato de Alberto Uribe Sierra, pai do presidente colombiano.
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