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Antiimigrantes matam 12 na África do Sul
Desemprego alimenta ódio aos estrangeiros nos bairros pobres de Johannesburgo; polícia é incapaz de conter ataques
Zimbabuanos são principais alvos da violência; saques, linchamentos e estupros aterrorizaram estrangeiros durante o final de semana
DA REDAÇÃO
Ataques xenófobos em Johannesburgo, principal cidade
sul-africana, mataram pelo menos 12 pessoas no final de semana. Dezenas de imigrantes
foram feridos e centenas se refugiaram em igrejas e delegacias para escapar da violência.
Multidões furiosas culpam
os estrangeiros -muitos deles
zimbabuanos que deixaram um
país em colapso econômico e
crise política- pelo desemprego e pela crise habitacional na
África do Sul. Embora um em
cada quatro trabalhadores do
país esteja desempregado, a nação mais rica da África subsaariana continua a atrair milhares de imigrantes.
O ataques tiveram início na
favela de Alexandra e rapidamente atingiram outros bairros
pobres. Em Cleveland, região
central decadente onde vivem
muitos estrangeiros, duas pessoas foram espancadas até a
morte na madrugada de sábado
e três morreram queimadas.
Mais de cinqüenta foram feridas a bala ou esfaqueadas. Há
relatos de que gangues estejam
vasculhando apartamentos do
bairro, rua a rua, em busca de
estrangeiros.
O porta-voz da polícia, Govindsamy Mariemuthoo, informou que 200 pessoas foram
presas por crimes como estupro, roubo e ataques em vias
públicas. Gás lacrimogêneo foi
usado para dispersar aglomerações em diversos bairros.
"[A violência] está se espalhando como um incêndio, e
nem o Exército nem a polícia
são capazes de controlá-la", relata o professor zimbabuano
Emmerson Ziso. Ele conta que
deixou sua terra natal por temer retaliações do governo,
após participar de uma greve
em apoio ao Movimento pela
Mudança Democrática (MDC).
"Preferia estar no Zimbábue."
O presidente da ONG Médicos Sem Fronteira na África do
Sul, Eric Goemaere, afirma que
há uma crise humanitária e pediu ao governo que conceda
status de refugiados aos estimados 3 milhões de zimbabuanos. "Eu tratei de gente baleada, espancada, vítimas de estupro. As pessoas estão aterrorizadas", conta Goemaere, que
compara a situação em Johannesburgo ao que testemunhou
em dezenas de acampamentos
de refugiados no continente.
A violência afetou também
comerciantes somalis e de países asiáticos, que tiveram suas
lojas e casas depredadas. Segundo a Cruz Vermelha, 3.000
pessoas perderam tudo o que
tinham. Organizações humanitárias distribuem cobertores e
comida aos flagelados.
O presidente Thabo Mbeki
disse que nomeou um grupo de
especialistas para investigar os
distúrbios, condenados também pelo presidente do Partido
do Congresso Nacional Africano, Jacob Zuma, provável sucessor de Mbeki. Muitos dos
atuais líderes sul-africanos se
asilaram nos países vizinhos
durante o apartheid.
Segundo o governo e polícia,
grupos criminosos estão se
aproveitando do sentimento
antiestrangeiro para promover
saques. Sede da Copa do Mundo de Futebol em 2010, a África
do Sul é um dos países mais violentos do mundo.
Com agências internacionais
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