São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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Bush diz que paz só vem com democracia

DO "NEW YORK TIMES"

Depois de presentear Israel com a exibição das boas relações daquele país com os EUA, o presidente George W. Bush entregou ontem aos governantes árabes uma "lição de casa". Afirmou que, para que a paz no Oriente Médio se torne realidade, eles devem desenvolver suas economias, dar oportunidades iguais às mulheres e adotar a democracia.
"Com muita freqüência, na região, fazer política consistia em ter uma liderança no poder e a oposição na cadeia", disse o presidente americano, no Fórum Econômico Mundial, reunido no Egito. "Chegou a hora de os países do Oriente Médio abandonarem essa prática e tratarem seus povos com dignidade e o respeito", acrescentou.
O discurso encerrou viagem de cinco dias à região, que também levou Bush a Israel e à Arábia Saudita.
A Casa Branca havia anunciado que a viagem seria uma mistura de "substância e simbolismo". Mas ela acabou provocando críticas do lado árabe, que acusou o presidente de insensibilidade quanto à questão palestina.
Bush tentou temperar essa impressão. Depois de receber no sábado o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou estar "absolutamente comprometido" com o Estado palestino.
No discurso de ontem, assistido pelos governantes do Iraque, Paquistão, Egito e Afeganistão, Bush afirmou: "em nossa democracia, jamais puniríamos alguém por ter um exemplar do Corão". Retomando uma frase que pronunciou na semana passada no Parlamento israelense, disse que sua visão "não é judaica ou muçulmana, não é americana ou árabe, é universal".
Essa foi a segunda visita do presidente americano à região em cinco meses.

Ameaça de Abbas
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, tem a intenção de se demitir dentro de seis meses, caso nesse período não obtiver um acordo de paz com Israel.
A afirmação foi feita ontem pelo dirigente palestino ao deputado pacifista israelense Yossi Beilin, do partido Meretz. Abbas e Beilin participam do Fórum Econômico Mundial, no Egito. As declarações de Abbas foram distribuídas por assessores do deputado israelense. "Eu não aceitei o cargo de presidente para cumprir as funções de presidente, mas para alcançar um objetivo. Não haverá nenhum sentido continuar no cargo se não for possível alcançar a paz".
Abbas também afirmou que o malogro do compromisso de Annapolis -cidade americana em que se reuniram em novembro dirigentes árabes e israelenses- "seria uma grande vitória para os grupos extremistas do Oriente Médio".
Em Jerusalém, o premiê israelense, Ehud Olmert, alertou ontem que seu país está próximo de "uma encruzilhada" quanto à forma de reagir aos foguetes lançados a partir de Gaza.


Com agências internacionais

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