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Sri Lanka anuncia morte de líder rebelde
Em investida final contra grupo separatista, governo reassume controle total da ilha após 26 anos e diz que conflito acabou
ONU, União Europeia e ONGs de direitos humanos iniciam campanha pela apuração independente de supostos crimes de guerra
Ishara S. Kodikara/France Presse
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Cingaleses celebram nas ruas da capital, Colombo, fim do conflito que matou até 100 mil pessoas |
DA REDAÇÃO
O Sri Lanka anunciou ontem
a morte do líder do grupo separatista Tigres Tâmeis, Velupillai Prabhakaran, e a retomada,
pela primeira vez em 26 anos,
do controle sobre a totalidade
do território da pequena ilha
localizada no oceano Índico.
"Podemos anunciar com toda a responsabilidade que libertamos todo o país do terrorismo", disse na TV o comandante do Exército, general Sarath Fonseka, após a operação
que matou Prabhakaran, nas
primeiras horas de ontem.
Anteontem, os Tigres Tâmeis
já haviam reconhecido a derrota, um dia após perderem para
as forças oficiais a última faixa
litorânea ainda sob seu controle e serem confinados a área de
cerca de 3 km2 - o Estado tâmil
chegou a ter 65 mil km2.
Segundo o Exército, Prabhakaran e seus principais auxiliares tentavam fugir em uma van
quando foram interceptados. O
combate, que matou também o
filho do líder, Charles Anthony,
24, durou duas horas.
O presidente Mahinda Rajapaksa -linha-dura cuja eleição
em 2005 é atribuída por analistas à intransigência do grupo
separatista nas negociações-
deverá fazer o anúncio oficial
do fim do conflito que custou
cerca de 100 mil vidas hoje.
Rajapaksa é o artífice da
ofensiva contra os Tigres Tâmeis iniciada em 2005 após o
fim do acordo de cessar-fogo
firmado três anos antes. Em janeiro, após a captura da então
capital rebelde, Kilinochchi, o
governo anunciou a "investida
final" contra o grupo tâmil.
Desde então, calcula-se em
até 8.000 o número de mortos
pela intensificação dos combates. Entre 30 mil e 70 mil civis
ficaram sob fogo cruzado, em
meio a acusações de violações
humanitárias por governo e rebeldes. Os refugiados passam
de 265 mil, segundo a ONU.
Origem
O conflito, iniciado em 1983,
tem sua origem na marginalização imposta à minoria tâmil
(18% da população) após a promulgação de uma Constituição
com privilégios à maioria cingalesa (74%) nos anos 70.
Durante os 26 anos de conflito, o Sri Lanka -pouco maior
que a Paraíba e com 21 milhões
de habitantes- conviveu com
um Estado tâmil paralelo no
seu território, que chegou a
possuir sistemas judicial, tributário, educacional, Marinha e
Força Aérea próprios.
ONU, União Europeia e grupos de direitos humanos já iniciaram campanha, no entanto,
para o estabelecimento de uma
comissão internacional independente para investigar supostos crimes de guerra.
Para Anna Neistat, da Human Rights Watch, "todo o sistema internacional de Justiça
terá sido derrotado se não houver investigações". "O modo como o Sri Lanka está tratando os
tâmeis neste momento não levará a uma conciliação", disse.
Com agências internacionais
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