São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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IRAQUE

Ex-ditador planejava ataque

Rússia alertou EUA sobre plano de Saddam

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou ontem que Moscou havia alertado Washington, após o 11 de Setembro, de que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein estava preparando ataques contra o território dos EUA e alvos americanos no exterior. Sua ação surpreende porque Putin foi um dos mais veementes opositores à Guerra do Iraque.
Ainda assim, a declaração reforça a percepção do governo de George W. Bush de que o ex-ditador representava uma ameaça, num momento de contestação doméstica da alegação de que Saddam mantinha vínculos com a rede terrorista Al Qaeda, apresentada por Bush como um dos motivos da guerra.
"Depois de 11 de setembro de 2001 e antes da operação militar no Iraque, os serviços especiais da Rússia receberam informações de que membros do regime de Saddam estavam preparando ataques terroristas nos EUA e no exterior contra alvos militares e outros interesses", disse Putin, em viagem ao Cazaquistão.
"Apesar disso, a posição da Rússia em relação ao Iraque permanece a mesma", continuou. "Uma coisa é ter informação de que o regime de Saddam preparava atentados. Mas não tínhamos informação de que ele estivesse envolvido em um ataque de fato."
O líder russo não explicitou que tipo de informação possuía nem se ela tinha relação com a Al Qaeda. Bush, segundo Putin, agradeceu pessoalmente a um dos chefes da agência de inteligência russa.
Mas um membro do governo americano -que pediu anonimato- disse que os dados russos não eram específicos sobre o momento e o local do ataque e que eles não acrescentaram nada ao que os EUA já sabiam.
O relatório da comissão que investiga o 11 de Setembro, apresentado oficialmente nesta semana, dá como "improvável" o suposto vínculo de Saddam com a Al Qaeda, a rede por trás dos ataques. A relação foi usada como uma das principais justificativas da guerra, ao lado da suposta existência de armas de destruição em massa -ainda não encontradas.

Mais tropas
No Iraque, a violência prosseguiu com um ataque com morteiros que matou um soldado dos EUA e com uma emboscada que vitimou três civis iraquianos em Bagdá. Em Buhriz, a nordeste da capital, autoridades locais disseram que ao menos 13 iraquianos morreram em dois dias de confronto com as forças americanas.
Também ontem, a Coréia do Sul anunciou que, em agosto, começará a enviar 3.000 soldados para Irbil (norte), numa decisão aprovada em fevereiro pelo Parlamento -Seul já tem 670 engenheiros e médicos militares no Iraque.
Por sua vez, o gabinete japonês aprovou a manutenção de sua força de apoio (não-combatente) de 500 homens após a transição.


Com agências internacionais

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