São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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IRÃ NA MIRA

Resolução da AIEA censura Teerã por não colaborar com inspeção; para iranianos, agência cede à pressão dos EUA

Agência de energia atômica acusa Irã de não cooperar

DA REUTERS

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) repreendeu duramente o Irã ontem, acusando o país, em resolução aprovada por unanimidade, de não cooperar plenamente com seus inspetores. Ao mesmo tempo, diplomatas disseram que investigadores da ONU estão analisando a hipótese de Teerã estar escondendo outro sítio atômico.
Os EUA dizem que o programa nuclear iraniano é fachada para a construção de armas atômicas. O Irã nega e diz que a AIEA está agindo sob pressão americana.
A reação da AIEA veio dois dias depois de o presidente iraniano, Mohammad Khatami, ter dito que Teerã não terá mais a obrigação moral de manter a suspensão do enriquecimento de urânio.
Qualquer retomada do enriquecimento -o processo de purificação do urânio para uso em usinas nucleares, ou, se for levado suficientemente adiante, em bombas- provocaria uma crise de grandes proporções.
"Estamos ingressando em um período extremamente perigoso, em que o Irã sentirá a tentação de retomar seu programa de enriquecimento, acreditando que os EUA estejam paralisados devido ao Iraque e às eleições e que a Europa não estaria disposta a retaliar", disse Gary Samore, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres.
A AIEA vem investigando o Irã desde agosto de 2002 e tem exortado o país a tratar com transparência total os inspetores da ONU.
O enviado americano à AIEA, Kenneth Brill, pediu que os delegados não permitissem que Teerã prolongasse por tempo indeterminado a indefinição em torno de questões pendentes, dizendo que, "a cada dia que passa", o país chega mais perto de produzir o urânio enriquecido necessário para fabricar bombas nucleares.
Joe Cirincione, do Fundo Carnegie, em Washington, disse que, por enquanto, a política de pressão sobre o Irã exercida por EUA, Reino Unido, França e Alemanha parece estar funcionando.
Cirincione disse que a ameaça de sanções econômicas e comerciais européias contra o Irã servirá como forte incentivo para Teerã continuar a cooperar. Os EUA também estão guardando em reserva a opção de pedir o encaminhamento da questão ao Conselho de Segurança da ONU, que poderia impor sanções.


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