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IRÃ NA MIRA
Resolução da AIEA censura Teerã por não colaborar com inspeção; para iranianos, agência cede à pressão dos EUA
Agência de energia atômica acusa Irã de não cooperar
DA REUTERS
A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) repreendeu duramente o Irã ontem, acusando o país, em resolução aprovada por unanimidade, de não
cooperar plenamente com seus
inspetores. Ao mesmo tempo, diplomatas disseram que investigadores da ONU estão analisando a
hipótese de Teerã estar escondendo outro sítio atômico.
Os EUA dizem que o programa
nuclear iraniano é fachada para a
construção de armas atômicas. O
Irã nega e diz que a AIEA está
agindo sob pressão americana.
A reação da AIEA veio dois dias
depois de o presidente iraniano,
Mohammad Khatami, ter dito
que Teerã não terá mais a obrigação moral de manter a suspensão
do enriquecimento de urânio.
Qualquer retomada do enriquecimento -o processo de purificação do urânio para uso em usinas nucleares, ou, se for levado
suficientemente adiante, em
bombas- provocaria uma crise
de grandes proporções.
"Estamos ingressando em um
período extremamente perigoso,
em que o Irã sentirá a tentação de
retomar seu programa de enriquecimento, acreditando que os
EUA estejam paralisados devido
ao Iraque e às eleições e que a Europa não estaria disposta a retaliar", disse Gary Samore, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres.
A AIEA vem investigando o Irã
desde agosto de 2002 e tem exortado o país a tratar com transparência total os inspetores da ONU.
O enviado americano à AIEA,
Kenneth Brill, pediu que os delegados não permitissem que Teerã
prolongasse por tempo indeterminado a indefinição em torno de
questões pendentes, dizendo que,
"a cada dia que passa", o país chega mais perto de produzir o urânio enriquecido necessário para
fabricar bombas nucleares.
Joe Cirincione, do Fundo Carnegie, em Washington, disse que,
por enquanto, a política de pressão sobre o Irã exercida por EUA,
Reino Unido, França e Alemanha
parece estar funcionando.
Cirincione disse que a ameaça
de sanções econômicas e comerciais européias contra o Irã servirá
como forte incentivo para Teerã
continuar a cooperar. Os EUA
também estão guardando em reserva a opção de pedir o encaminhamento da questão ao Conselho de Segurança da ONU, que
poderia impor sanções.
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