São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Insurgência captura militares dos EUA

Os dois militares atuavam na sexta em posto de controle ao sul de Bagdá; comando americano os julga "desaparecidos"

Testemunha afirma que insurgentes encapuzados cercaram veículo, mataram o motorista e capturaram os dois outros ocupantes

DA REDAÇÃO

Embora o comando americano no Iraque continuasse ontem a afirmar que estão apenas "desaparecidos" dois militares que na sexta-feira atuavam num posto de controle ao sul de Bagdá, uma testemunha ouvida pela Associated Press relatou com detalhes que eles foram feitos prisioneiros por um grupo encapuzado de insurgentes.
Aprisionar soldados americanos é raríssimo no conflito iraquiano. O precedente ontem citado é o do sargento Keith Maupin, desaparecido desde abril de 2004 e que pode ser a pessoa que aparece de costas e é executada num vídeo distribuído na época.
A identidade e a patente dois dois militares de agora não foram divulgadas. Já na sexta-feira, uma operação de resgate, da qual participaram helicópteros, aviões e blindados, foi desencadeada para, até agora sem sucesso, localizá-los.
Os americanos também revistam domicílios da região e oferecem US$ 100 mil por informações que identifiquem seus captores e o paradeiro que eles tomaram.
A testemunha, Ahmed Khalaf Falah, um agricultor, disse que ocupantes de três veículos Humvee operavam o posto de controle quando um grupo de insurgentes passou a atirar de todas as direções.
O incidente ocorreu em Yussifiyah, perto do canal do rio Eufrates, a cerca de 20 km ao sul de Bagdá. A região, predominantemente sunita, é conhecida como "triângulo da morte", em razão das freqüentes ações dos insurgentes.
Falah afirma que dois dos veículos saíram ao encalço dos encapuzados, mas que um terceiro, que tentava acompanhá-los, caiu numa emboscada. O motorista foi imediatamente morto. Os dois outros militares que o acompanhavam foram então capturados.
Um residente de Youssifiyah, cuja casa foi revistada, disse ao "New York Times" que não delataria os insurgentes em troca dos US$ 100 mil que os americanos ofereceram. "Eles merecem o que estão sofrendo. Nossa vida é um inferno por causa deles", afirmou.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse estar informado sobre a versão da mídia sobre a prisão dos dois militares, mas disse não querer "tirar conclusões".
Os americanos e forças terrestres iraquianas prosseguiam ontem uma ofensiva que procura neutralizar focos da insurgência em Ramadi, cidade do sul e com 400 mil habitantes.
Um soldado americano foi ferido por uma mina na beira de uma estrada, enquanto bombas caíram a menos de 500 metros de um posto avançado das forças oficiais.
Em Bagdá, a polícia encontrou 17 cadáveres, entre eles o de quatro mulheres e um adolescente, todos algemados e com tiros na cabeça. São prováveis vítimas do conflito entre sunitas e xiitas.
Também na capital homens armados seqüestraram ontem dez padeiros, sem que se saiba a razão para a escolha de cidadãos dessa profissão.
Por sua vez, uma organização muçulmana vinculada à Al Qaeda, o Conselho da Shura Mujahidin, reivindicou a autoria de quatro dos atentados a explosivo ocorridos sábado em Bagdá, e que, em conjunto, mataram 43 civis.


Com agências internacionais


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