São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Hamas acata maior parte de plano sobre Israel

Grupo ainda diverge com Fatah sobre três pontos

DA REDAÇÃO

O grupo islâmico Hamas e seus rivais palestinos do Fatah poderão chegar ainda hoje a um acordo sobre o plano que prevê dois Estados independentes na região. Subscrevendo o documento, o Hamas estaria reconhecendo indiretamente o direito de Israel à existência.
Dois deputados do grupo, Ahmed Bahar e Ibrahim Dahfur, disseram ao jornal israelense "Haaretz" que as negociações já levaram ao acordo em 98% dos pontos discutidos.
Pouco antes, porta-vozes do grupo islâmico, que controla o Parlamento e o governo palestino, disseram que se atingiu o consenso em 15 dos 18 dispositivos em negociação.
Os três pontos de divergência, diz ainda o "Haaretz", dizem respeito ao relacionamento do futuro Estado com Israel.
Trata-se de, no primeiro desses pontos, atribuir à OLP (colegiado de organizações, no qual o Fatah é a mais poderosa) o monopólio das negociações com os israelenses. No segundo está o direito à insurgência em territórios ainda ocupados e, no terceiro, a realização de plebiscito sobre o plano.
Uma nova rodada está marcada para hoje. A Associated Press diz que os negociadores estão otimistas e que, se aceitar o documento, o Hamas se curvaria às pressões ocidentais, que dificultaram ou bloquearam a transferência de fundos ao governo palestino, inviabilizando-o economicamente.
Pelo plano, o futuro Estado palestino ocuparia Gaza e a Cisjordânia, territórios definidos por suas fronteiras de 1967, posição a partir da qual se negociaria com os israelenses.
Aceitando o plano, o grupo islâmico, que até agora rejeita a existência de Israel, também evitaria ser derrotado no plebiscito que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, ameaça convocar. Pesquisas indicam que uma maioria dos palestinos apoiaria um plano de paz que tenha como pressuposto o reconhecimento de Israel.
Ontem, o Fatah e o Hamas conseguiram eliminar seu principal ponto interno de litígio: as forças de segurança. O Hamas criou sua própria milícia, que entrava em freqüentes conflitos com a polícia oficial, subordinada a Abbas.
Pelo acordo, a milícia do Hamas será incorporada às forças regulares da polícia. Terá um comandante do grupo islâmico, mas este obedecerá a Abbas como superior hierárquico.

Inquérito internacional
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, rejeitou ontem a possibilidade de uma comissão internacional investigar a morte de oito civis palestinos numa praia de Gaza.
O Exército israelense, depois de inquérito interno, reafirma não ter sido o responsável pelos projéteis lançados sobre a praia. Mas a entidade Human Rights Watch diz que suas investigações indicam que os disparos tiveram como origem militares israelenses.
O jornal britânico "The Guardian" disse em reportagem na sexta-feira que também chegou a essa conclusão.


Com agências internacionais


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