São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CALCANHAR DE AQUILES

Obama traz equipe de Clinton para traçar política externa

Idéia é conter críticas que recebe de republicano por suposta fraqueza no setor

Durante um encontro com o embaixador brasileiro, assessor do candidato à Casa Branca elogia atuação das forças do Brasil no Haiti

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Na tentativa de mudar a imagem de alguém "fraco" em matéria de política externa e segurança nacional, pecha que é a base das críticas de seu oponente republicano na disputa presidencial norte-americana, o democrata Barack Obama anunciou seu novo time para o setor. A equipe é dominada pelos velhos suspeitos de sempre das duas administrações de Bill Clinton (1993-2001), nomes como o da ex-secretária de Estado Madeleine Albright e do ex-secretário de Defesa William Perry.
Após reunião com o time de diplomatas, ontem em Washington, Obama devolveu as acusações feitas recentemente por assessores de John McCain. "Os registros mostram que George Bush e John McCain é que têm sido fracos em relação ao terrorismo", disse. "O enfoque deles falhou. Por conta de suas políticas, estamos menos seguros, somos menos respeitados e menos aptos a liderar o mundo."
Obama disse que durante a campanha recorrerá sempre a seu "grupo de trabalho sênior em segurança nacional". Dele, além de Albright e Perry, fazem parte o ex-secretário de Estado Warren Christopher (1993-1997) e o ex-congressista Lee Hamilton, co-autor do principal relatório sobre o 11 de Setembro, entre outros.
Indagado sobre como procederia caso o terrorista Osama bin Laden fosse capturado durante sua Presidência, Obama disse que "talvez não consigamos capturá-lo vivo". Caso isso aconteça, no entanto, "o importante para nós seria lidar com ele de uma maneira que permita ao mundo inteiro perceber os atos assassinos nos quais ele está envolvido e não fazer dele um mártir".
O candidato citou os julgamentos de Nuremberg, tribunais estabelecidos após a Segunda Guerra para decidir o destino de criminosos nazistas, como um exemplo de como a justiça pode ser aplicada segundo "um conjunto universal de princípios". No início da semana, o ex-candidato republicano Rudolph Giuliani, que hoje apóia McCain, havia dito que Obama ainda pensa com "uma cabeça pré-11 de Setembro".

Elogios ao Brasil
Outro membro do time anunciado por Obama é o diplomata Anthony Lake, secretário de Segurança Nacional de Bill Clinton de 1993 a 1997 e um dos candidatos ao cargo de secretário de Estado numa eventual gestão democrata.
Lake se encontrou na terça-feira com o embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, para falar das relações entre os dois países.
Segundo relatos do encontro, o time norte-americano manifestou "posição favorável" em relação à intenção do Brasil de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O diplomata obamista elogiou ainda a atuação brasileira no Haiti e usou o caso da Minustah, missão de estabilização da ONU naquele país, para dizer que, eleito, o candidato respeitará entidades multilaterais.
No encontro, os diplomatas não concordaram sobre declaração recente de Obama sobre as Farc. Em discurso recente, o democrata disse que apoiará "o direito da Colômbia de atacar terroristas que buscam abrigo seguro cruzando as fronteiras". A invasão do Equador pela Colômbia foi criticada pelo Brasil e foi condenada pela OEA.


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