São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

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Premiê iraquiano assassinou seis suspeitos, diz jornal australiano

DA REDAÇÃO

Iyad Allawi, o novo primeiro-ministro do Iraque, sacou uma pistola e assassinou seis suspeitos numa delegacia de polícia de Bagdá alguns dias antes de Washington transferir a soberania iraquiana a seu governo interino, afirma o jornal australiano "The Sydney Morning Herald".
O texto, assinado pelo jornalista Paul McGeogh, que está em Bagdá, se baseia em declarações de duas pessoas que dizem ter testemunhado os assassinatos. Elas afirmam que os suspeitos, que estavam algemados e encapuzados, foram alinhados contra uma parede no pátio adjacente ao bloco de celas de segurança máxima em que eram mantidos no centro de detenção de Al Amariyah, nos subúrbios de Bagdá. As testemunhas dizem que, antes de atirar, Allawi, que é médico, contou que os suspeitos haviam matado, cada um, 50 iraquianos e "mereciam mais do que a morte".
Em nota enviada ao jornal australiano, o escritório do primeiro-ministro nega a totalidade dos relatos das testemunhas. A nota afirma que Allawi jamais visitou o centro de detenção e não carrega uma arma.
Os informantes do jornal, porém, dizem que Allawi atingiu cada um dos jovens na cabeça e que cerca de 12 policiais iraquianos e quatro norte-americanos que são responsáveis pela segurança pessoal do premiê assistiram a tudo em silêncio.
As testemunhas dizem ainda que o ministro do Interior, Falah al Naqib, que também assistiu às execuções, congratulou o premiê depois do último tiro. O gabinete de Al Naqib nega. O jornal diz que descobriu os nomes de três das vítimas.
Em Bagdá, correm muitos rumores sobre a brutalidade do novo premiê, mas essa é a primeira vez que surgem testemunhas de um assassinato a sangue-frio.
Um ex-agente da CIA (serviço secreto dos EUA, para o qual Allawi trabalhou), Vincent Cannisatraro, recentemente contou à revista "The New Yorker" que o atual premiê participou de "coisas sujas" nos tempos em que era um agente secreto em Londres.
Em Bagdá, observadores dizem que relatos de que Allawi é capaz de matar a sangue-frio podem ser úteis a um político pouco conhecido que quer provar que é forte.


Com o "Sydney Morning Herald"


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