|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARGENTINA
Presidente Kirchner participa de solenidade
Indignação marca ato pelos dez anos do atentado contra a Amia
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O mesmo alarme que se ouviu
no dia 18 de julho de 1994 após o
maior atentando terrorista da
América Latina, a explosão que
destruiu o edifício da organização
judaica Amia em Buenos Aires,
foi soado ontem exatamente às
9h53, hora do massacre, que deixou 85 mortos e 300 feridos.
A sirene da Defesa Civil abriu o
ato pelos dez anos do atentado na
frente da nova sede da Amia, na
rua Pasteur. Cerca de 2.000 pessoas estiveram presentes. Críticas
à negligência das instituições argentinas nas investigações marcaram o ato, que durou cerca de
duas horas e teve a presença do
presidente Néstor Kirchner.
"Os terroristas escolheram a Argentina para treinar suas ações
em uma país que tem instituições
fracas. Sabiam, portanto, que estariam seguros. Eles conseguiram", disse Jaime Salomón, representante da comunidade judaica da Província de Tucúman.
O presidente da Amia, Abraham Kaul, culpou a Side (polícia
secreta argentina), a Polícia Federal, o governo do Irã, os juízes, o
ex-presidente Carlos Menem e a
Justiça de vários países pelo fracasso das investigações, que, até
hoje, não identificaram os culpados na Argentina e no exterior.
A indignação dos representantes da comunidade judaica, cerca
de 300 mil na Argentina, a maior
da América Latina, se refere aos
pífios resultados do processo que
investiga o atentado.
Até hoje, ninguém foi condenado. Várias provas foram destruídas e o juiz que esteve encarregado da causa até 2002, Juan José
Galeano, está sendo investigado
por corrupção.
Durante o ato, foram acendidas
velas para cada uma das 85 vítimas. A multidão repetia "presente" ao final da leitura de cada nome. Entre eles o de Sebastián Barreiro, de cinco anos, a vítima mais
jovem. Ele caminhava com mãe,
que sobreviveu, pela calçada a caminho do Hospital das Clínicas, a
cerca de 500 metros da Amia,
quando a caminhonete carregada
de explosivos, conduzida por um
suicida, subiu na calçada, invadiu
a portaria do edifício e explodiu.
A rua em fica a Amia tem 85 árvores. Cada uma com uma placa
com os nomes das vítimas. Elas
foram plantadas no ato de 1999.
"Senhor presidente. Com você,
acendeu-se uma vela de esperança, por favor, não nos decepcione", disse com voz embargada o
presidente da Amia em seu discurso. O presidente Kirchner não
discursou durante o ato.
Kirchner foi o único presidente
que ainda não recebeu vaias nos
atos da Amia. Recentemente, ele
abriu parte dos arquivos para os
familiares das vítimas e prometeu
empenho do Estado.
Durante o seu governo, foram
trocados os juizes e promotores,
que investem agora na investigação da chamada conexão internacional. Apesar das promessas de
empenho, sete meses depois de
assumir a causa, o novo juiz, Rodolfo Canicoba Corral, veio a público para dizer que o Ministério
da Justiça não lhe dá instrumentos básicos para a investigação.
Texto Anterior: China: Poucos réus têm advogado, diz ativista chinês Próximo Texto: Oriente Médio: Militantes palestinos trocam fogo com forças leais a Arafat em Gaza Índice
|