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Após bombas, "poeira subia e ficava na pele"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
"Ouvi o ronco dos aviões,
seguido de cinco estrondos
na direção do aeroporto de
Beirute. Depois, duas bombas explodiram a 400 metros
de casa. Tudo tremeu. Vidraças de janelas estouraram. A
poeira subia e ficava na pele."
As cenas, do primeiro dia do
conflito entre Israel e o Hizbollah, foram descritas ontem pelo comerciante árabe
naturalizado brasileiro Zouhaer Haidar, 49.
Haidar faz parte do grupo
de 98 pessoas resgatadas do
Líbano pelo governo brasileiro. "Foi a terceira vez que
vi ataques em viagens ao Líbano", disse ele.
"A primeira foi menor, em
1992. A segunda aconteceu
em 1995, mas bombardeio
pesado como desta vez é difícil, nunca havia visto nada
parecido", concluiu.
Haidar, que veio para o
Brasil aos cinco anos, naturalizou-se brasileiro há 25.
Ele mora em Santa Catarina,
mas viaja todo ano para o Líbano, onde tem um apartamento em Dahe, "o bairro
muçulmano do Hizbollah".
Casado com uma libanesa
e com um casal de filhos brasileiros de oito e cinco anos, o
comerciante conta que eles
fugiram para as montanhas
assim que os ataques começaram. "Foi um desespero.
Meu apartamento fica a 1,5
km do aeroporto, que Israel
bombardeou várias vezes."
Segundo Haidar, seus filhos não perceberam o risco.
"Dissemos a eles que eram
fogos de artifício. Uma loucura." Nas montanhas, Haidar foi avisado por outros
brasileiros sobre o comboio e
então voltou a Beirute.
(FG)
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