São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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Após bombas, "poeira subia e ficava na pele"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

"Ouvi o ronco dos aviões, seguido de cinco estrondos na direção do aeroporto de Beirute. Depois, duas bombas explodiram a 400 metros de casa. Tudo tremeu. Vidraças de janelas estouraram. A poeira subia e ficava na pele." As cenas, do primeiro dia do conflito entre Israel e o Hizbollah, foram descritas ontem pelo comerciante árabe naturalizado brasileiro Zouhaer Haidar, 49.
Haidar faz parte do grupo de 98 pessoas resgatadas do Líbano pelo governo brasileiro. "Foi a terceira vez que vi ataques em viagens ao Líbano", disse ele.
"A primeira foi menor, em 1992. A segunda aconteceu em 1995, mas bombardeio pesado como desta vez é difícil, nunca havia visto nada parecido", concluiu.
Haidar, que veio para o Brasil aos cinco anos, naturalizou-se brasileiro há 25. Ele mora em Santa Catarina, mas viaja todo ano para o Líbano, onde tem um apartamento em Dahe, "o bairro muçulmano do Hizbollah".
Casado com uma libanesa e com um casal de filhos brasileiros de oito e cinco anos, o comerciante conta que eles fugiram para as montanhas assim que os ataques começaram. "Foi um desespero. Meu apartamento fica a 1,5 km do aeroporto, que Israel bombardeou várias vezes."
Segundo Haidar, seus filhos não perceberam o risco. "Dissemos a eles que eram fogos de artifício. Uma loucura." Nas montanhas, Haidar foi avisado por outros brasileiros sobre o comboio e então voltou a Beirute. (FG)


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