|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Israel se abre para negociar, mas rejeita cessar-fogo já
Ofensiva militar mata ao menos mais 31 libaneses; ataque do Hizbollah mata um
Para Olmert, envio de força de paz das Nações Unidas seria prematuro; Bush volta a acusar a Síria de tentar ampliar influência no Líbano
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM HAIFA
Pela primeira vez em sete
dias de ofensiva militar no Líbano em retaliação ao Hizbollah, o governo de Israel abriu
ontem uma oportunidade de
negociações diplomáticas para
encerrar a crise, mas rejeitou
cessar os ataques sem a libertação dos dois soldados seqüestrados pela organização xiita no
último dia 12.
No campo de batalha, Israel
seguiu bombardeando alvos do
grupo terrorista no Líbano, e o
Hizbollah continuou a lançar
foguetes contra o norte de Israel. Morreram ao menos 31
pessoas no Líbano e um civil
em Israel, o que eleva o saldo a
ao menos 237 mortos do lado libanês e 25 do israelense.
A ministra das Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni,
recebeu uma delegação da
ONU e disse que a etapa de negociações começou. Ela também se encontra hoje com o
chefe da política exterior da
União Européia, Javier Solana.
O premiê israelense, Ehud
Olmert, voltou atrás na promessa de não conversar com os
enviados de Kofi Annan e também se reuniu com a missão.
Além da libertação dos soldados, Olmert exige o desarmamento do Hizbollah, previsto
na resolução 1559 da ONU. As
duas condições são as mesmas
contidas da declaração do G8
emitida anteontem.
"Ninguém na comunidade
internacional está nos pedindo
para parar a operação antes da
implementação da declaração
do G8. Para implementá-la, talvez precisemos conduzir negociações diplomáticas. Mas não
com o Hizbollah. Em nenhum
caso o início das negociações
vai parar a operação. Só o retorno dos soldados capturados",
afirmou.
Proposta
A proposta original da ONU
fala em libertação dos soldados
israelenses seqüestrados pelo
Hamas e pelo Hizbollah e no
fim dos ataques de Israel. O
país teria de encerrar as operações no Líbano, retirar todas as
tropas de Gaza e libertar parlamentares palestino do Hamas.
Uma força internacional seria
enviada ao sul do Líbano.
Olmert acha a idéia prematura. "Isso dá uma boa manchete,
mas nossa experiência mostra
que não há nada além disso",
afirmou o premiê. "Atualmente
há uma força internacional no
Líbano, e estamos vendo o que
estão fazendo. Quero ser cauteloso neste tema, e me parece
prematuro discuti-lo."
Ontem, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice,
disse que não estava previsto
que se deslocasse imediatamente para a região de conflito.
A viagem ocorreria, disse,
quando fosse "necessário".
O premiê visitou ontem à
noite a cidade de Haifa, a terceira maior de Israel, que sofreu o terceiro dia consecutivo
de ataques do Hizbollah. Pelo
menos seis foguetes caíram na
região central. Um deles atingiu a mesma garagem de trens
onde oito pessoas morreram
em um ataque anteontem.
Os ataques israelenses de ontem, com artilharia e aviões,
mataram nove membros da
mesma família, entre eles
crianças, segundo autoridades.
Em ataque contra uma base
do Exército libanês, 14 soldados morreram. Israel afirma
que vai atacar "qualquer alvo
onde suspeitar que haja colaboração com o Hizbollah", mesmo com o risco de atingir civis
ou soldados libaneses.
Os bairros xiitas na zona sul
de Beirute, centros de treinamento do Hizbollah no Vale do
Beká e estradas entre o Líbano
e a Síria continuam sendo atingidos. Mais de 100 mil libaneses fugiram para a Síria.
Segundo os militares de Israel, o Hizbollah está se preparando para uma possível incursão de infantaria israelense ao
sul do Líbano, instalando minas e posicionado franco-atiradores e foguetes antitanques.
No lado israelense, um homem de 30 anos foi morto em
Naharia. Ele foi atingido por
um Katyusha na entrada de um
abrigo subterrâneo público em
um parque. Na mesma cidade,
um foguete atingiu um prédio
de dois andares, e um apartamento pegou fogo. Outras 12 localidades na Galiléia e nas Colinas do Golã foram atingidas.
Síria
Os militares israelenses voltaram a acusar o envolvimento
sírio no conflito. A Força Aérea
disse que destruiu dois caminhões com munição que entraram no Líbano pela Síria e que
avisou a população do sul libanês, em mensagens de rádio,
que qualquer picape, van ou caminhão suspeito será atingido.
Olmert também repetiu as
alegações de envolvimento do
Irã no conflito. O premiê disse
que Teerã coordenou o seqüestro dos soldados com o Hizbollah para desviar a atenção
mundial do programa nuclear
do país islâmico. "Infelizmente,
o truque do Irã deu certo.Todo
mundo se lembra da declaração
do G8 sobre o Líbano e não está
tratando da questão iraniana."
Já o presidente dos EUA,
George W. Bush, disse suspeitar que a Síria esteja tentando
retomar sua influência no Líbano depois do final de sua ocupação militar no país, há mais de
um ano: "É do nosso interesse
que a Síria fique fora do Líbano
e que seu governo sobreviva".
Em uma semana, Israel atacou mais de mil alvos no Líbano
e isolou as saídas do país por ar,
mar e terra. O número de combatentes do Hizbollah mortos é
desconhecido, mas militares israelense falam em "dezenas".
O Hizbollah disparou mais
de 800 foguetes contra o norte
de Israel. Treze civis e 12 soldados morreram, contando os oito militares mortos durante a
ação do seqüestro.
Texto Anterior: Artigo: O real inimigo do Líbano é o Hizbollah Próximo Texto: Frase Índice
|