São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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5.000 voltam a Gaza após reabertura da fronteira

Palestinos permaneceram 3 semanas no Egito com o fechamento da passagem

Israel faz retirada de Beit Hanoun, no norte da faixa de Gaza; mais 2 palestinos morrem em confrontos entre Exército e militantes


Mahmud Hams/France Presse
Crianças participam de ato contra ações militares no campo de refugiados de Jabalya, em Gaza


DA REDAÇÃO

Cerca de 5.000 palestinos conseguiram voltar à faixa de Gaza após permanecerem por três semanas no Egito em razão do fechamento da fronteira entre os dois lados. A passagem pela cidade fronteiriça de Rafah foi liberada por apenas um dia -Israel ainda iria definir por quanto tempo as passagens seriam autorizadas.
Muitos palestinos estudam ou fazem tratamento de saúde no Egito. O posto da fronteira foi fechado com o seqüestro do soldado israelense, Gilad Shalit, 19, em ação que foi reivindicada por três organizações radicais palestinas, entre elas o braço armado da organização terrorista Hamas.
"Eu, nunca, nunca voltarei ao Egito novamente depois do sofrimento e da dor que eu passei com a minha mulher", afirmou Aboul Khair, 50, um barbeiro que vive em Khan Younis e teve de esperar as três semanas no lado egípcio para retornar.
"Fui ao Egito para renovar o meu visto para a Arábia Saudita. Nunca mais volto aqui após essa humilhação", declarou a estudante Heba al Qaysi, 21.
Na quinta-feira passada, mil palestinos já haviam entrado em Gaza quando militantes do Hamas fizeram um buraco de seis metros de diâmetro após explodir uma parte do muro que faz a divisa.

Incursão
Ontem, tanques e soldados israelenses entraram no campo de refugiados de Mughazi, próximo à cidade palestina de Deir al Balah. Não houve relatos de mortos ou feridos.
Israel retirou seu Exército da cidade de Beit Hanoun (norte da faixa de Gaza), que teve casas de civis e parte de sua infra-estrutura destruídas pelas ações militares. A saída ocorreu dois dias depois do início de uma nova incursão na região.
Em outros confrontos entre militantes e o Exército israelense também em Beit Hanoun dois palestinos foram mortos e quatro ficaram feridos, aumentando para seis o número de mortes entre anteontem e ontem na cidade.
Casas, fazendas, além das redes elétricas e de abastecimento de água em Beit Hanoun sofreram fortes danos depois dos ataques militares, que foram iniciados com o objetivo de impedir o lançamento de foguetes Qassam em direção a cidades israelenses. O prefeito da cidade disse que os prejuízos na localidade e em vilarejos próximos chega a US$ 7 milhões.
"O Exército de Israel não está apenas atingindo os militantes, mas tudo: nossas casas, árvores, a economia e até o meu banheiro", disse Mahmoud Yazji, 30, enquanto recolhia pertences espalhados entre as ruínas de seu imóvel.
Um conjunto de escolas construído pela ONU também foi bastante danificado. Israel, por sua parte, afirma que não recebeu reclamações vindas das Nações Unidas.

Ajuda financeira
Com o agravamento da situação humanitária na faixa de Gaza, a ONU aumentou a ajuda à região de US$ 215 milhões para US$ 384 milhões.
Os ataques israelenses destruíram a única central elétrica da região, deixando quase 1 milhão de pessoas sem luz. O quadro já era precário por conta do bloqueio de transferências bancárias para os territórios palestinos -medida imposta por Israel e EUA depois da eleição da ala política do Hamas que hoje tem a maioria no Parlamento palestino.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, se encontrou ontem com uma delegação da ONU. Abbas reiterou a necessidade de um cessar-fogo. "Nós esperamos que a presente crise pela qual atravessa Gaza esteja para ser superada e possamos retornar a uma situação em que seja possível buscar a paz", disse Álvaro de Soto, enviado da ONU para o Oriente Médio.


Com agências internacionais

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