São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

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EUA usam verba para motivar Paquistão

Em visita a Islamabad, Hillary Clinton cobra ação antiterror, mas também planeja pacote de ajuda econômica

Às vésperas de reunião mundial sobre guerra, americanos planejam injetar US$ 500 milhões em seu principal aliado

Rodrigo Abd/Associated Press
Soldados americanos andam em posto de Candahar, no Afeganistão; EUA veem cooperação paquistanesa como essencial

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Com mediação dos EUA, o Afeganistão e o Paquistão anunciaram ontem um acordo de fronteira que poderá melhorar as relações entre eles, ponto fundamental da estratégia americana para luta contra os radicais do Taleban e da Al Qaeda na região.
O acordo facilita o trânsito comercial na porosa região que divide os vizinhos e era discutido havia anos.
Seu anúncio foi programado para coincidir com a chegada da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a Islamabad, onde ela pousou no domingo para uma visita de dois dias.
A intenção é fortalecer o elo dos EUA com um reticente Paquistão, cuja percebida falta de empenho em combater o Taleban é um dos maiores desafios na região. A situação ameaça o esforço no Afeganistão, porque radicais usam o Paquistão como base para ataques no país vizinho.
"Pedimos ações extras e esperamos que os paquistaneses as tomem", disse Hillary, em apelo já repetitivo, antes de acrescentar que Washington e Islamabad "elevaram a cooperação".
Para tentar mostrar comprometimento de longo prazo, Hillary deve anunciar hoje acordo bilateral para gastar US$ 500 milhões em assistência econômica. Os fundos fazem parte de um pacote de US$ 7,5 bilhões a serem gastos em cinco anos que foi aprovado no Congresso americano no fim de 2009.
Hillary terá reuniões com o alto escalão governamental e militar, antes de ir a Cabul.

VIZINHOS
O acordo entre Afeganistão e Paquistão dá aos afegãos acesso facilitado aos portos paquistaneses.
Até agora, caminhões afegãos não podiam cruzar o território paquistanês para levar produtos aos portos. O aumento das exportações potencialmente contribuiria para o crescimento econômico, o que por sua vez ajudaria o governo afegão a conquistar apoio contra o Taleban.
Apesar de ter pressionado pela solução desta contenda, em outras questões os EUA ainda receiam a colaboração entre Islamabad e Cabul.
No Afeganistão, Hillary participará amanhã de conferência na qual o presidente afegão, Hamid Karzai, anunciará planos para reintegrar membros de baixo escalão do Taleban no governo.
Mas oficiais americanos temem que Karzai, estimulado pelo Paquistão, ceda rápido demais ao Taleban para tentar reduzir a violência.
Analistas alertam para os laços profundos dos serviços de inteligência paquistaneses com o Taleban, e a própria secretária de Estado sugeriu, em sua última visita ao Paquistão, que as forças do país sabem onde estão líderes do grupo e da Al Qaeda, mas não querem entregá-los.


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