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EUA
Pesquisa mostra que 5,6 milhões de pessoas já tiveram a experiência da reclusão até 2001, o que representa 2,7% dos adultos
Um em cada 37 americanos já foi preso
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Um entre cada 37 norte-americanos adultos está preso hoje nos
EUA ou já passou algum tempo
no sistema penitenciário, segundo um novo estudo do Departamento da Justiça do país.
Os 5,6 milhões de americanos
que tiveram ou estão tendo algum
tipo de experiência na prisão representam 2,7% dos estimados
210 milhões de adultos do país no
final de 2001.
Os dados se referem a presos
sentenciados e que ocuparam prisões estaduais ou federais.
No ano passado, a população
carcerária nos EUA bateu um novo recorde, atingindo 2,1 milhões
de pessoas -1 em cada 143 pessoas.
O aumento em relação ao ano
anterior foi de 2,6%, apesar de ter
sido registrada uma ligeira queda,
de 0,2%, no número de crimes cometidos no período.
Condenações de criminosos
considerados não-violentos são
hoje o principal fator de aumento
da população carcerária nos EUA.
A maioria vai para a prisão por
tráfico ou consumo de drogas e
por crimes menores.
Metade dos prisioneiros federais dos EUA, por exemplo, estão
encarcerados hoje por crimes relacionados a drogas.
Nos dois últimos anos, alguns
Estados vêm tentando diminuir o
número de condenações relacionadas ao tráfico ou ao consumo
de entorpecentes.
O Texas, por exemplo, um dos
maios rigorosos dos EUA, recentemente aprovou lei que permite
punições alternativas a infratores
envolvidos com drogas. A medida
levou a uma virtual estabilização
de sua população carcerária nos
dois últimos anos.
Na cidade de Washington, que
registra um alto índice de crimes
relacionados a drogas, uma proposta de lei semelhante foi rejeitada no ano passado por uma corte
superior local.
Em vários Estados, a lei segundo a qual pessoas que cometem
três delitos correm o risco de ser
condenadas à prisão perpétua, de
1994, também tem colocado na
prisão centenas de jovens acusados de cometer pequenos crimes.
Para Jason Zeidenberg, diretor
do Justice Policy Institute, uma
entidade ocupada em evitar reincidências de criminosos nos EUA,
o tamanho da população carcerária e os rombos nos orçamentos
federal e de vários Estados deveriam "fazer soar um alerta" na
Justiça.
Segundo cálculos conservadores, o sistema carcerário americano custa hoje cerca de US$ 40 bilhões ao ano. Entre os ex-detentos, segundo o Justice Policy Institute, muitos acabam voltando a
cometer infrações por não conseguirem obter trabalho por causa
dos registros criminais.
O quadro é mais grave entre a
população negra. No ano passado, 10% de todos os homens negros do país com idade entre 25 e
29 anos estavam atrás das grades,
contra 1,2% entre os brancos e
2,4% entre os hispânicos.
Em termos gerais, 16,6% dos negros americanos estão ou já estiveram presos, contra 2,6% dos
brancos e 7,7% dos hispânicos.
Projeções feitas a partir dos resultados de 2001 mostram que 1
em cada 3 homens negros nascidos há dois anos corre o risco
considerável de passar alguns
anos na cadeia depois de se tornar
adulto.
Fé na cela
Além do endurecimento com os
criminosos, o sistema judicial
americano vem adotando iniciativas pouco ortodoxas para estimular os detentos a se tornarem pessoas religiosas dentro das cadeias.
Em uma das maiores penitenciárias no Estado de Iowa, por
exemplo, os presos que optarem
por fazer cursos de imersão para
estudar a Bíblia passam a ter a
chave de suas celas, acesso a banheiros privados, a ligações telefônicas nacionais ilimitadas e a
uma sala onde pode assistir TV
em um telão.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, é o grande incentivador
de medidas desse gênero, que
vêm sendo contestadas na Justiça
por grupos defensores da separação das atividades do Estado e da
igreja.
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