|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sérvia ameaça enviar suas tropas para conter Kosovo
Premiê da Província estuda declarar independência unilateral até o final do ano
Com fracasso de plano da ONU, separatistas buscam apoio para impor soberania; eleições para liderança local podem acelerar processo
ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO
O premiê da Sérvia, Vojislav
Kostunica, anunciou por meio
de seu porta-voz na última sexta-feira que "é chegada a hora"
de enviar mil soldados à Província separatista de Kosovo,
no mais recente sinal da escalada da tensão na região. Com o
impasse sobre o status da Província, líderes da maioria albanesa em Kosovo vêm reiterando que declararão a independência unilateralmente ainda
em 2007, gerando hostilidade
crescente em Belgrado.
O envio dos mil sérvios foi rejeitado imediatamente pela
Otan (aliança militar liderada
pelos Estados Unidos), que
mantém 16 mil soldados em
Kosovo. A Província está sob
protetorado da ONU desde o final da guerra entre a Otan e os
sérvios, em junho de 1999, funcionando como uma região semi-autônoma.
A ONU ordenou na última
semana o início das preparações para eleições da Assembléia de Kosovo. A medida promete ser problemática -a votação pode acelerar a separação
formal de Belgrado, segundo o
jornal "Financial Times".
Novo prazo
As eleições devem ocorrer
em novembro, antes mesmo do
final de um prazo até dezembro
para que enviados da União Européia, da Rússia e da ONU discutam novamente um acordo
entre Belgrado e Pristina.
Na região desde o início desde mês, o grupo foi formado
após o fracasso do último plano
da ONU que previa status de
país soberano para Kosovo
-mas sob a tutela da União Européia. Rejeitado pela Sérvia e
por sua aliada histórica, a Rússia, por abrir caminho para a independência, o plano foi suspenso sem ser votado no Conselho de Segurança da ONU.
Especialistas ouvidos pela
Folha afirmam ser pouco provável que o novo grupo consiga
alcançar um acordo. "A comunidade internacional está apenas tentando ganhar tempo para angariar apoio para a independência", afirma Denisa
Kostovicova, autora de "Kosovo: a Política da Identidade e do
Espaço" (Routledge, 2005)
-que é descendente de sérvios.
"Mas não há opção a não ser a
independência, pois Kosovo já
é na prática separada da Sérvia", afirmou.
Para James O'Brien, ex-enviado especial do Departamento de Estado dos Estados Unidos para os Bálcãs e atual membro do Grupo Albright, em
Washington, o prazo para novas discussões serve apenas para reassegurar o mundo de que
todos os esforços foram feitos
para uma solução negociada.
"Não é segredo que há preparações para uma declaração unilateral de independência, e os
EUA já afirmaram que a apoiarão mesmo fora da ONU."
Queda do apoio
À Folha, o porta-voz da missão da ONU em Kosovo (UNMIK, na sigla em inglês), Alexander Ivanko, não confirmou
supostas preparações para
uma independência. "Não lidamos com hipóteses. Qualquer
ação unilateral será discutida
com a comunidade internacional posteriormente." Ivanko
não negou, porém, que a população da Província está impaciente com a situação. "O índice de aprovação à UNMIK -e
também ao governo e à Assembléia locais- caiu dramaticamente e está em torno dos
30%. Mas apesar da frustração
da população, a segurança em
Kosovo está estável", afirmou.
Ainda há, porém, uma última
possibilidade para acordo: o
novo grupo de discussão recuperou a idéia da divisão de Kosovo, opção que ganhou terreno nos últimos meses. Nessa
alternativa, a parte norte da
Província, onde se localizam alguns marcos da Igreja Ortodoxa sérvia, continuariam sob domínio de Belgrado, enquanto o
restante do território seria declarado independente.
Texto Anterior: China do futuro é "próspera e autoritária" Próximo Texto: Frase Índice
|