São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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DISSIDENTES
Grupos nos EUA não aceitam o acordo

da Reportagem Local

Pelo menos 22 igrejas luteranas não deverão avalizar a declaração conjunta que será assinada na Alemanha. Consideram que ainda não há consenso com os católicos em torno dos temas teológicos tratados pelo documento.
O grupo dissidente se concentra sobretudo nos EUA. Reúne cerca de 3 milhões de fiéis e representa apenas 5% dos cristãos que professam o luteranismo.
Os outros 95% abarcam 58 milhões de pessoas e se espalham pelas 124 igrejas que constituem a Federação Luterana Mundial. Criada na década de 40, a entidade firmará o documento em Augsburgo.
Por aqui, a ala dissonante soma 214 mil fiéis. São todos membros da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), que se distingue da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Em termos muito genéricos, as duas denominações se diferenciam principalmente pelo modo como interpretam a Bíblia. A primeira faz uma leitura mais literal que a segunda.
Outra diferença importante é o tamanho. A IECLB, que pertence à federação mundial, conta com aproximadamente 1 milhão de fiéis. Tem raízes européias e foi se formando a partir de 1824, enquanto a IELB nasceu em 1904, sob a liderança de missionários norte-americanos oriundos do Estado de Missouri, que vieram prestar assistência espiritual a imigrantes alemães.
"Não iremos referendar a declaração conjunta porque julgamos que, na prática, as pendências que separaram católicos e luteranos continuarão existindo", explica Vilson Regina, 47, primeiro vice-presidente da IELB.
"O documento afirma que a salvação e o perdão são graças de Deus e que nenhuma ação humana tem o poder de alcançá-los", prossegue o pastor. "No entanto, o papa João Paulo 2º anunciou em 1998 que concederá a remissão dos pecados para os católicos que visitarem lugares santos durante o ano 2000. Pergunto, então: cadê a coerência? Onde está o consenso?" (AA)


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