São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRÁTICA RENOVADA
Igreja Católica cria novas indulgências

das agências internacionais

Um dia sem fumar, rezar com o papa em frente à televisão, arrepender-se em público. Essas são algumas das práticas que o novo "Manual da Indulgência" do Vaticano estabelece para aliviar a punição de pecadores.
O livro de 115 páginas, escrito em latim, explica e descreve as condições para obter as indulgências -redução ou anulação de penas para pecados.
A igreja afirma que aqueles que não vão direto para o paraíso depois da morte devem passar algum tempo no purgatório, antes de passar pelos portões do céu.
As indulgências podem diminuir o tempo do pecador no purgatório, que, como disse o papa este ano, não seria um local físico, mas um estado mental marcado pela ausência de Deus.
O papa retoma a tradição de festejar aniversários eclesiásticos com a concessão de indulgências, por ocasião do Grande Jubileu (celebração de 2.000 anos do cristianismo).
Há quatro condições prévias para as indulgências: confissão dos pecados, comunhão, rezar com o papa e ter o coração puro.
Cumpridas essas condições, o pecador pode conseguir uma indulgência parcial ou total não comendo carne, por exemplo.
O manual, já editado em 1968 e 1986, faz referência à televisão e ao rádio, e inclui refugiados entre os pobres que devem ser ajudados, oração mental para surdos-mudos e oração em grupo fora das instituições eclesiásticas.
"Apesar de ser uma doutrina e uma prática antiga, a indulgência responde à mentalidade contemporânea", afirma o padre Dario Rezza, que apresentou à imprensa o manual, cujas traduções estarão disponíveis a partir de outubro. Para ele, "a novidade fundamental é a socialização dessa prática, onde o ato de penitência se converte em manifestação pública de fé".
A Santa Sé disse que a obra não deveria afetar as relações com a Igreja Luterana.
Martinho Lutero criticou, no século 16, a venda de indulgências pela Igreja Católica, que serviu para financiar parte da construção da basílica de São Pedro. Ele publicou 95 teses em que criticava a atitude católica.
O cardeal William Wakefield Baum afirma também acreditar que o fato de seguir o manual de indulgências não deve afetar as relações dos católicos com os luteranos .
O texto destaca ações mediante as quais os católicos dão bom exemplo.
Por exemplo, "um operário de fábrica, rodeado por colegas que maldizem e usam linguagem obscena, com valentia faz o sinal da cruz", disse o monsenhor Luigi de Magistris, especialista do Vaticano em indulgências.


Texto Anterior: Grupos nos EUA não aceitam o acordo
Próximo Texto: Papa lidera campanha ecumênica
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.