São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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EUA enviam 800 soldados ao Djibuti

DO "THE NEW YORK TIMES"

Centenas de militares da unidade de operações especiais dos EUA foram transferidos a uma base militar no leste da África, de onde devem ser lançadas missões contra integrantes da rede terrorista Al Qaeda escondidos na região, sobretudo no Iêmen.
Segundo funcionários do Pentágono, um navio anfíbio de ataque foi deslocado à costa do Djibuti, antiga colônia francesa no chifre da África, perto do Iêmen.
Cerca de metade dos 800 americanos enviados ao país são especializados em operações especiais. "Temos nossas forças prontas, posicionadas e aguardando dados de inteligência para agir", disse uma fonte militar.
As autoridades se negam a revelar se já há missões planejadas ou se o Iêmen autorizou as ações. Um integrante do governo iemenita disse ontem à agência de notícias Reuters que "são as forças iemenitas as responsáveis por conduzir operações [no país" -sejam elas buscas ou ataques".
Um oficial americano afirmou: "É mais fácil e certamente mais eficaz lançar essas missões a partir da região que iniciá-las nos EUA".
A região da fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita é um alvo provável. Os serviços de inteligência americanos vêem a área, onde quase não há controle estatal, como um refúgio da Al Qaeda.
Osama bin Laden, o líder da organização, é saudita de origem iemenita, assim como muitos dos sequestradores que participaram dos ataques de 11 de setembro.
Suspeita-se também que estariam escondidos ali os responsáveis pelo ataque ao destróier dos EUA USS Cole, que matou 17 oficiais da Marinha no porto de Áden, em outubro de 2000.
Funcionários do Pentágono fazem a ressalva de que as ordens para as missões secretas só serão dadas quando a localização dos terroristas forem confirmadas. Além disso, eles pretendem negociar com os governos locais em busca de cooperação.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, tem trabalhado com a cúpula militar para ampliar o papel das operações especiais na campanha contra o terrorismo. Os EUA estão mais dispostos a mandar tropas a países distantes para matar líderes da Al Qaeda.
O Pentágono vem desenvolvendo táticas para missões em cenários distintos como, por exemplo, em países em que o governo é visto como irresponsável ou mesmo naqueles em que as autoridades são contra ações americanas.
Além do Iêmen, estão próximo ao Djibuti países africanos suspeitos de abrigarem terroristas islâmicos como a Somália e o Sudão.
A movimentação de tropas dos EUA à região é um claro sinal da importância que Washington dá ao Iêmen no cenários da "guerra contra o terrorismo". O Pentágono já enviou ao Iêmen especialistas para treinar as forças do país no combate ao terrorismo. Até o fim de julho, 40 soldados iemenitas haviam completado o curso.
Washington, contudo, não confia no poderio do Exército local para derrotar os militantes.


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