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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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EUROPA

12º suspeito de ligação com plano de atacar judeus é preso; policial afirma que caso reflete mudança de prioridade

Neonazistas alemães voltam a usar terror

Jörg Koch - 10.set.2003/France Presse
Material apreendido com suspeitos de planejar ataque a judeus


DA REDAÇÃO

A Alemanha prendeu ontem o 12º suspeito de envolvimento num plano neonazista para um atentado na cerimônia que vai marcar o início da construção de uma sinagoga em Munique. A descoberta da intenção de atacar o evento da comunidade judaica pode indicar uma mudança de estratégia do extremismo de direita.
O líder do sindicato dos policiais alemães, Konrad Freiberg, acredita que exista um "terrorismo marrom", em referência à cor usada por tropas especiais nazistas. "Há uma infestação marrom em nossa sociedade, que não pode ser resolvida só pela polícia."
Na Oktoberfest de Munique, em 1980, já houve um atentado neonazista, com 13 mortos. Na última década, cem pessoas morreram em ações de violência xenófoba.
Para Freiberg, o governo alemão tem negligenciado o combate ao radicalismo de direita para se concentrar no terrorismo islâmico. O ministro do Interior, Otto Schily, e o principal líder judaico local, Paul Spiegel, também se mostraram preocupados. "É um ataque [o plano] à democracia e à humanidade", afirmou Spiegel.
De acordo com Freiberg, a nova orientação policial surgiu após os ataques de 11 de setembro de 2001. "Milhares de policiais foram destinados ao combate ao terrorismo e deixaram de fazer outras coisas", disse. Antes dos atentados, segundo ele, havia forte cobertura da mídia alemã e debate político sobre as ações dos neonazistas.
A maciça investigação alemã na sua comunidade de 3 milhões de muçulmanos descobriu que uma célula da Al Qaeda em Hamburgo coordenou o 11 de Setembro. Enquanto isso, os neonazistas continuaram a ser uma ameaça, segundo Freiberg. Na semana passada, a polícia prendeu 11 suspeitos de planejar o ataque em Munique e encontrou explosivos e granadas.
O conhecido extremista Martin Wiese faz parte do grupo. A cerimônia de Munique, em 9 de novembro, vai ter as presenças do presidente alemão, Johannes Rau, e do governador da Baviera, Edmund Stoiber. Nessa data, em 1938, milhares de estabelecimentos comerciais de judeus e sinagogas foram depredados na Alemanha, com o saldo de cerca de cem judeus mortos e milhares enviados a campos de concentração.
O secretário do Interior da Baviera, Günther Beckstein, disse que se cogitava ainda atacar mesquitas e escolas para gregos. Políticos também poderiam ser alvo. "As prioridades mudaram, e esse é o resultado", afirmou Freiberg.

Com agências internacionais

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