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Escola reflete
a forte divisão
entre religiões
DE LONDRES
Uma análise do sistema educacional da Irlanda do Norte é uma
medida impressionante da forte
segregação social prevalecente na
região. Cerca de 95% das escolas
são ou exclusivamente católicas
ou totalmente protestantes. Apenas 5% são mistas. E as perspectivas são de que esse quadro não
mude num futuro próximo.
"Há pouca evidência de que essa situação possa mudar de forma
substancial nos próximos dez
anos", diz Alison Kitson, da Universidade de Warwick, que pesquisou o ensino de história nas escolas da Irlanda do Norte.
Segundo Kitson, mesmo em algumas escolas mistas transparece
algum grau de divisão. Ela cita um
colégio que aceita tanto católicos
como protestantes e fez uma votação para ver se os pais dos alunos concordavam que a escola
passasse a se autodenominar
"mista". A maioria disse não.
Para ela, a forte segregação nas
escolas é muito ruim para o avanço no processo político da região.
Isso porque, diz, a maior parte das
crianças de religiões diferentes só
conviverá quando adultas.
Os efeitos do conflito na Irlanda
do Norte também transparecem
no ensino de história. A pesquisadora descobriu que há dois grupos de professores da disciplina.
Um é composto por docentes
que, nas palavras dela, "assumem
mais riscos". Quando vão apresentar aos alunos fatos históricos
sobre os quais protestantes e católicos têm visões diferentes, incentivam os alunos a analisar os fatos
sob os dois pontos de vista.
"Eles levam os alunos a tentar
entender os fatos com a perspectiva do outro grupo. Fazem isso
correndo o risco de, por exemplo,
sofrerem recriminações dos
pais", diz Kitson, cuja pesquisa é
financiada pelo Carnegie Council
of Ethics and International Affairs
e será publicada em 2005.
O outro grupo de professores,
geralmente, até explica que há visões diferentes sobre um mesmo
fato, mas não incentiva os alunos
à análise sob olhares distintos.
"Geralmente, esses professores,
que preferem "jogar com segurança", dão aulas em escolas em regiões onde os conflitos são mais
intensos, como em Belfast."
Segundo ela, a pesquisa revela o
desafio de ensinar história numa
sociedade dividida. "Se for para o
ensino de história contribuir para
a reconciliação, como prevêem os
currículos, mudanças têm de ser
feitas a fim de que os professores
recebam o treinamento que possa
ajudá-los."
(EF)
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