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Argentina importa método venezuelano, diz antichavista
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O trâmite do projeto de lei de
mídia do governo da presidente
argentina, Cristina Kirchner,
aprovado pela Câmara na quinta, "é um método exportado pelo governo da Venezuela", na
opinião do vereador venezuelano Freddy Guevara.
"Embora as realidades dos
dois países sejam distintas, vejo
muitas semelhanças, como o
fato de as leis terem nome e sobrenome [a da Argentina seria
um ataque ao Grupo Clarín], visarem a temporalidade [um suposto benefício ao casal Kirchner nas eleições de 2011] e serem aprovadas na madrugada
[a Câmara sancionou o projeto
à 1h15 da última quinta]", disse.
Guevara preside a Comissão
de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Caracas e esteve em Buenos Aires nesta semana, em tentativa de convencer os países do Mercosul a
pressionarem o governo Hugo
Chávez a receber a Comissão
Interamericana de Direitos
Humanos para um monitoramento na Venezuela.
Ele se reuniu com a deputada
Silvana Giudici (UCR), que preside a Comissão de Liberdade
de Expressão da Câmara dos
Deputados argentina e é contra
o projeto de lei de mídia do governo Cristina.
"Eu avisei a ela: Não se enganem pensando que aqui os
meios de comunicação [independentes] são fortes e não
acontecerá o mesmo que na Venezuela. Esses governos aprendem a usar métodos institucionais para legalizar o horror",
disse Guevara à Folha.
Com o objetivo de "desmonopolizar o setor", o projeto de
Lei de Serviços Audiovisuais fixa limites de concessões audiovisuais para uma mesma empresa; impede a exploração simultânea de canais a cabo e
abertos; impõe limites de assinantes aos operadores de cabo;
concede a ONGs o mesmo percentual das concessões audiovisuais do setor comercial. O
projeto será votado no Senado.
Críticos do documento já haviam apontado suposta semelhança entre a iniciativa de
Cristina, que é acusada de haver recebido contribuição ilegal da Venezuela para sua campanha presidencial, e a relação
de Chávez com a imprensa.
Chávez comprou títulos da
dívida pública argentina e estatizou a siderúrgica Sidor, que
tinha capital de origem argentina, pela Techint, cujos proprietários reclamaram de
omissão da Casa Rosada.
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