São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Raúl Castro deixa claro que não quer seguir os passos da ex-União Soviética

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Até onde irão as mudanças em Cuba?
O presidente Raúl Castro, com o irmão Fidel na retaguarda, procura deixar bem claro que não haverá um Gorbatchov em Cuba e nem se fará uma "glasnost" (a política de abertura dos anos 80 que foi o início do fim da União Soviética).
Pensou-se que ele entregaria o cargo estratégico de primeiro vice-presidente ao economista Carlos Lage, 57, expoente de uma "geração intermediária", como o fora Gorbatchov na então União Soviética.
Com Gorbatchov, começaram a se abrir as portas do Kremlin.
Já Raúl optou por ter como braço direito José Ramón Machado Ventura, 75, da velha guarda comunista e companheiro combatente da Serra Maestra, onde a guerrilha ganhou força.
"É como se o Partido Popular tivesse ganho eleições na Espanha", disse ao "El País" um intelectual cubano definido pelo jornal espanhol como partidário do regime, mas "realista".
O Partido Popular é visto como nostálgico dos tempos da ditadura do general Franco (1939-75). Representa retrocesso.
Já Raúl Castro quer que o que fizer seja "santificado" pelos velhos companheiros, mesmo que isso possa resultar em desgaste junto a uma "geração intermediária" ignorada no momento, mas que pode se fortalecer diante de um poder absoluto que se enferruja.
Conseguirá sustentar-se abertura na economia com fechamento político, binômio de inspiração chinesa?
Os próprios comunistas da China começam a duvidar que seu "modelo" possa ter vida eterna.
Em uma declaração recente, o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, falou da necessidade de "reformas políticas" e criticou o "controle excessivo" por parte do Partido Comunista, que governa o país em regime ditatorial.
"Não havendo garantias de reformas do sistema político, podem perder-se os ganhos com as reformas econômicas", foi a advertência de Jiabao.
Havana terá registrado?
O ministro do Exterior da China esteve há pouco em Cuba e foi festejado inclusive por Fidel e Raúl.


Texto Anterior: Entrevista: "Mudanças não foram novidade para cubanos'
Próximo Texto: EUA podem afrouxar parte das sanções
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.