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ANÁLISE
Raúl Castro deixa claro que não quer seguir os passos da ex-União Soviética
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Até onde irão as mudanças
em Cuba?
O presidente Raúl Castro,
com o irmão Fidel na retaguarda, procura deixar bem
claro que não haverá um Gorbatchov em Cuba e nem se fará uma "glasnost" (a política
de abertura dos anos 80 que
foi o início do fim da União
Soviética).
Pensou-se que ele entregaria o cargo estratégico de primeiro vice-presidente ao economista Carlos Lage, 57, expoente de uma "geração intermediária", como o fora
Gorbatchov na então União
Soviética.
Com Gorbatchov, começaram a se abrir as portas do
Kremlin.
Já Raúl optou por ter como
braço direito José Ramón Machado Ventura, 75, da velha
guarda comunista e companheiro combatente da Serra
Maestra, onde a guerrilha ganhou força.
"É como se o Partido Popular tivesse ganho eleições na
Espanha", disse ao "El País"
um intelectual cubano definido pelo jornal espanhol como partidário do regime,
mas "realista".
O Partido Popular é visto
como nostálgico dos tempos
da ditadura do general Franco (1939-75). Representa retrocesso.
Já Raúl Castro quer que o
que fizer seja "santificado"
pelos velhos companheiros,
mesmo que isso possa resultar em desgaste junto a uma
"geração intermediária" ignorada no momento, mas
que pode se fortalecer diante
de um poder absoluto que se
enferruja.
Conseguirá sustentar-se
abertura na economia com
fechamento político, binômio de inspiração chinesa?
Os próprios comunistas da
China começam a duvidar
que seu "modelo" possa ter
vida eterna.
Em uma declaração recente, o primeiro-ministro da
China, Wen Jiabao, falou da
necessidade de "reformas
políticas" e criticou o "controle excessivo" por parte do
Partido Comunista, que governa o país em regime ditatorial.
"Não havendo garantias
de reformas do sistema político, podem perder-se os ganhos com as reformas econômicas", foi a advertência de
Jiabao.
Havana terá registrado?
O ministro do Exterior da
China esteve há pouco em
Cuba e foi festejado inclusive
por Fidel e Raúl.
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