São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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Subsídios ajudam a explicar favoritismo de Cristina

Presidente argentina, que tenta reeleição mês que vem, investe em ajuda sobretudo em energia e transporte

LUCAS FERRAZ
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A manutenção de um modelo que impulsionou a explosão do consumo e a política de subsidiar serviços como transporte e energia são fatores que explicam o sucesso da presidente argentina, Cristina Kirchner, favorita para ser reeleita em outubro.
Com uma inflação em crescimento (apesar da negativa do governo), a Casa Rosada aumentou ainda mais na semana passada os subsídios a esses dois setores, amenizando o impacto do índice de preços no bolso da população, que consome cada vez mais.
Com o aumento do orçamento principalmente nas áreas de energia e transporte, o valor total dos subsídios chegou a R$ 27,8 bilhões, equivalente a 4,5% do PIB argentino.
Essa política faz com que os preços de alguns serviços não aumentem, apesar da crescente inflação (de 9% segundo o índice oficial do governo, e de 25% para as consultoras privadas).
"Algumas coisas estão saindo quase de graça", diz o economista Nicolás Dujovne. Os principais exemplos são a passagem de ônibus, que custa 1,25 peso, mas que, sem os subsídios, deveria custar 6,80 pesos.
Para Dujovne, essa política não é sustentável a longo prazo. No caso dos transportes, porque o serviço oferecido está cada vez pior. "As pessoas viajam sem conforto e sem segurança".
Já no caso da energia, o risco, segundo ele, é que o país se endivide cada vez mais para importá-la. Outro sintoma é o cada vez menor investimento externo no setor.
"Os preços subsidiados, além da alta capacidade de consumo causada pelo fato de os salários aumentarem junto à inflação, são algumas das razões pelas quais os argentinos acham que a economia vai bem", disse à Folha o economista Ernesto Kritz, da SEL consultores.
A galopante inflação argentina foi determinante para o aumento do consumo, principalmente das classes C e D -somadas, elas correspondem a quase 89% da população da Argentina.
Como os salários foram reajustados numa média de 25% e com o valor do dólar controlado pelo governo, a população tem mais dinheiro para gastar com itens cujos preços são baseados na moeda americana -TVs de LCD, computadores, telefones celulares, carros e motos.
As vendas desses produtos bateram recorde neste ano.
"Houve uma significativa melhora das classes média e média-baixa nos últimos anos, as pessoas estão de acordo e não há motivo para mudar o voto", afirma Guillermo D'Andrea, especialista em consumo emergente da IAE Business School, de Buenos Aires.



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