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CORÉIA DO NORTE
Agentes de inteligência vêem Islamabad como fornecedor de Pyongyang
Paquistão é suspeito de venda nuclear
DA REDAÇÃO
Autoridades dos serviços de inteligência dos EUA suspeitam que
o Paquistão, a Rússia e a China
são fornecedores dos equipamentos que a Coréia do Norte têm
usado para desenvolver seu programa de armas nucleares. Moscou e Islamabad negaram.
"Isso nada tem a ver com a realidade", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores
da Rússia, Alexander Yakovenko.
"Nenhuma negociação desse tipo [venda de equipamentos para
os norte-coreanos] foi feita", disse
o general Hamid Gul, ex-chefe
dos serviços de inteligência paquistaneses. "A Coréia do Norte
sempre foi mais próxima da Rússia e da China, não estamos em
posição de ajudá-los", completou.
Numa informação vazada esta
semana -propositalmente ou
não- pelo governo, os EUA disseram que a Coréia do Norte admitiu ter um programa secreto de
armas nucleares que, inclusive,
contrariaria o acordo de desarmamento firmado em 1994 com o
governo Bill Clinton.
A Casa Branca não quis comentar ontem as conjecturas da imprensa americana de que o Paquistão teria acertado um acordo
de suprimento de material nuclear para a Coréia do Norte no
fim dos anos 90 em troca de tecnologia de mísseis.
Dando uma indicação do que
ocorreu, o porta-voz da Presidência, Ari Fleischer, disse que, "desde 11 de setembro, mudaram
muitas das coisas que muita gente
fazia antes daquela data".
Apesar de não ser direta, a declaração foi interpretada como
uma admissão de que os paquistaneses resolveram "entregar o jogo" para os americanos depois de
terem se tornado um dos maiores
aliados de Washington na ofensiva internacional contra o terror.
Supõe-se que as "provas inquestionáveis" apresentadas pelos americanos, as quais teriam levado Pyongyang a admitir seu
programa secreto de desenvolvimento de armas, teriam origem
em Islamabad.
Segundo membros da inteligência americana que pediram para
não ser identificados, a China é tida como um dos principais fornecedores de Pyongyang, mas o Paquistão e a Rússia estariam também entre os países que teriam
vendido o equipamento necessário para que os norte-coreanos
pudessem enriquecer urânio para
as armas nucleares.
Alguns desses equipamentos teriam uso industrial civil, e não
apenas bélico. Países insuspeitos,
que não estariam cientes do uso
militar desses equipamentos, podem estar envolvidos nas transações, dizem os americanos.
Ofensiva diplomática
O secretário de Estado Colin Powell disse que os EUA não têm
planos de uma ação militar contra
a Coréia do Norte.
O senador republicano John
McCain, por sua vez, defendeu
ontem que as sanções econômicas sejam imediatamente aumentadas. "Não estou descartando a
opção militar, mas creio que outras ações devem ser tentadas primeiro. Acredito que fortes sanções econômicas podem dobrar
aquele governo", disse McCain.
Com a missão diplomática de
costurar essas sanções, dois enviados do Departamento de Estado dos EUA, John Bolton e James
Kelly, viajaram para a China.
Como Pequim é o principal parceiro de Pyongyang, apenas sanções que envolvessem os chineses teriam o efeito pretendido por
Washington, dizem analistas.
Kelly deve ir a Tóquio e a Seul
também. O itinerário de Bolton
inclui Moscou, Londres e Paris.
Os principais jornais dos EUA
trataram, em suas páginas de editoriais, o tema da admissão da
Coréia do Norte de que desenvolve secretamente armas nucleares.
Em sua maioria, a grande imprensa americana criticou a falta
de empenho da política internacional do governo George W.
Bush e defendeu uma ação mais
firme contra os norte-coreanos.
O "Washington Post" disse que
"a chocante confissão de Pyongyang é uma maneira de obrigar a
recalcitrante administração Bush
a comprometer-se com obrigações políticas sérias".
O "New York Times" defendeu
que "uma diplomacia internacional firme seja o primeiro passo a
dar ante o problema agudo que
apresenta a Coréia do Norte".
Com agências internacionais
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