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GUERRA CIVIL
Operação para retomar área disputada por paramilitares e guerrilheiros já deixou 15 mortos desde quarta-feira
Exército avança em bairro de Medellín
DA REDAÇÃO
As forças de segurança colombianas continuavam ontem avançando na Comuna 13, bairro da periferia de Medellín cujo controle era disputado havia meses entre
grupos paramilitares de direita e
guerrilheiros de esquerda. Desde
quarta-feira, ao menos 15 pessoas
morreram -quatro militares,
um civil e dez supostos milicianos- e dezenas ficaram feridas.
Dezenas de pessoas suspeitas de
pertencer a algum grupo armado
foram presas durante as buscas
realizadas casa a casa pelas tropas
do Exército e da Polícia Nacional
envolvidas na operação. Muitos
suspeitos se faziam passar por
moradores para escapar.
A operação militar, ordenada
pelo presidente Álvaro Uribe, tem
como objetivo retomar o controle
do Estado sobre a região, onde vivem cerca de 100 mil dos 2 milhões de moradores de Medellín, a
segunda maior cidade do país.
Cerca de 3.000 soldados participam da operação, com o auxílio
de aviões e helicópteros.
Os combates na Comuna 13 estão sendo considerados os mais
intensos em área urbana das cerca
de quatro décadas de guerra civil
no país. Até alguns meses atrás, os
confrontos estavam restritos às
áreas rurais do país.
Segundo o Exército, mais de 300
moradores do bairro já morreram
desde o início do ano em razão
das constantes trocas de tiros na
guerra entre guerrilheiros e paramilitares pelo controle da zona.
Militares disseram ontem à rede
de TV RCN ter libertado uma família com 13 membros mantida
refém dentro de sua casa por
guerrilheiros havia 15 dias.
Os intensos tiroteios verificados
desde quarta-feira diminuíram
ontem, mas as escolas e o comércio permaneceram fechados, e
muitos moradores se mantiveram
escondidos em suas casas.
"A situação está difícil. Queremos falar, mas não podemos porque temos medo de morrer.
Quem falar alguma coisa, morre",
disse à Folha, por telefone, uma
moradora do bairro, que pediu
para não ser identificada.
Mas sua mãe, Irene Gaviria Flores, 74, moradora do bairro Pablo
Escobar, a cerca de 25 minutos
dali, afirmou que a filha não sai de
casa há três dias e que a parede do
imóvel foi atingida por tiros.
"Ela está quase sem comida e
não pode sair para comprar, por
causa dos tiros. Ela está só com
dois baldes dentro de casa, um
para tomar água e outro para urinar", disse.
O prefeito de Medellín, Luis Pérez, anunciou ontem a adoção de
lei seca e toque de recolher durante o fim de semana na Comuna 13
para tentar conter a violência.
Ele disse ainda estar estudando
um plano para ajudar ex-membros das milícias urbanas a encontrar empregos e se reintegrar à
vida civil. "Todas as causas que
justificam a guerra para as pessoas violentas precisam ser erradicadas", disse Pérez.
O escritório do Alto Comissariado da ONU em Bogotá afirmou
ontem que a solução dos problemas nos bairros periféricos de
Medellín deve vir pelo diálogo, e
não pela via armada.
"O escritório lembra ao Estado
sua obrigação primordial de proteger a população civil e de não
expô-la aos perigos bélicos, assim
como garantir os seus direitos
fundamentais", diz um comunicado do organismo.
Com agências internacionais
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