São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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ARGENTINA

Problema são ações legais

Duhalde vê "risco" à realização de eleição

DE BUENOS AIRES

O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, disse ontem que a eleição presidencial prevista para março corre o risco de não ser realizada devido a desentendimentos entre políticos locais para estabelecer a fórmula da votação.
Para garantir que sua participação no processo eleitoral seja "transparente", o presidente pediu aos parlamentares que aprovem o pedido de renúncia enviado por ele ao Congresso, que valeria a partir de 25 de maio de 2003, data da entrega do poder ao próximo presidente.
A Justiça protagonizou a confusão no processo eleitoral argentino. Devido a duas determinações judicias, Duhalde foi obrigado a aceitar modificações nas regras que ele havia estabelecido para as eleições prévias de escolha dos candidatos de cada partido.
De acordo com as regras atuais, os dois principais partidos do país -o PJ (Partido Justicialista) e a UCR (União Cívica Radical)- teriam as mesmas regras para as prévias, que seriam realizadas no dia 15 de dezembro.
A regra mais polêmica prevê que poderiam votar nas prévias do PJ, por exemplo, os filiados do próprio PJ e também os eleitores que não são ligados a nenhum partido político.
No entanto, os principais pré-candidatos do PJ levantaram suspeitas sobre a possibilidade de fraudes desse sistema porque as listas de filiados dos partidos não são atualizadas desde 1983.
Além disso, os pré-candidatos reclamaram do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), que controla a maioria do PJ e, por isso, tinha poder para estabelecer as regras que mais lhe agradavam.
Assessores de Menem têm defendido o ex-presidente com a acusação de que, na verdade, Duhalde é que tenta tumultuar o processo eleitoral estabelecendo regras que não respeitam a Constituição para que os desentendimentos sobre as prévias se prolonguem e o presidente possa se manter durante mais tempo no poder.
Em resposta, Duhalde pediu ontem ao Congresso que realize uma sessão conjunta da Câmara e do Senado para aprovar seu pedido de renúncia, o que, segundo ele, é necessário para dar continuidade a um processo eleitoral "transparente".
"As eleições de março correm risco de não acontecer. O Congresso da nação tem que estabelecer uma solução final para acabar com essa incerteza", disse Duhalde. (JS)



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