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ARGENTINA
Problema são ações legais
Duhalde vê "risco" à realização de eleição
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina,
Eduardo Duhalde, disse ontem
que a eleição presidencial prevista
para março corre o risco de não
ser realizada devido a desentendimentos entre políticos locais para
estabelecer a fórmula da votação.
Para garantir que sua participação no processo eleitoral seja
"transparente", o presidente pediu aos parlamentares que aprovem o pedido de renúncia enviado por ele ao Congresso, que valeria a partir de 25 de maio de 2003, data da entrega do poder ao próximo presidente.
A Justiça protagonizou a confusão no processo eleitoral argentino. Devido a duas determinações judicias, Duhalde foi obrigado a
aceitar modificações nas regras
que ele havia estabelecido para as
eleições prévias de escolha dos
candidatos de cada partido.
De acordo com as regras atuais,
os dois principais partidos do país
-o PJ (Partido Justicialista) e a
UCR (União Cívica Radical)- teriam as mesmas regras para as
prévias, que seriam realizadas no
dia 15 de dezembro.
A regra mais polêmica prevê
que poderiam votar nas prévias
do PJ, por exemplo, os filiados do
próprio PJ e também os eleitores
que não são ligados a nenhum
partido político.
No entanto, os principais pré-candidatos do PJ levantaram suspeitas sobre a possibilidade de
fraudes desse sistema porque as
listas de filiados dos partidos não
são atualizadas desde 1983.
Além disso, os pré-candidatos
reclamaram do ex-presidente
Carlos Menem (1989-1999), que
controla a maioria do PJ e, por isso, tinha poder para estabelecer as
regras que mais lhe agradavam.
Assessores de Menem têm defendido o ex-presidente com a
acusação de que, na verdade, Duhalde é que tenta tumultuar o
processo eleitoral estabelecendo
regras que não respeitam a Constituição para que os desentendimentos sobre as prévias se prolonguem e o presidente possa se
manter durante mais tempo no
poder.
Em resposta, Duhalde pediu
ontem ao Congresso que realize
uma sessão conjunta da Câmara e
do Senado para aprovar seu pedido de renúncia, o que, segundo
ele, é necessário para dar continuidade a um processo eleitoral
"transparente".
"As eleições de março correm
risco de não acontecer. O Congresso da nação tem que estabelecer uma solução final para acabar
com essa incerteza", disse Duhalde.
(JS)
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