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CRISE
Presidente acena a americanos
Chávez promete que EUA terão petróleo
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
Às vésperas de uma greve geral
contra seu governo, o presidente
Hugo Chávez usa o petróleo para
neutralizar a simpatia da Casa
Branca a seus opositores.
Chávez, que encerrou ontem
uma viagem à Europa, declarou
que a Venezuela garantirá o fornecimento do produto aos americanos mesmo que os EUA invadam o Iraque e que os países árabes proponham um embargo similar ao de 1973.
"Não podemos usar o petróleo
como uma arma política", disse
Chávez à TV BBC em Londres. "O
petróleo é um recurso estratégico,
não pode ser usado para tirar o
aquecimento ou o transporte. Estaríamos prejudicando pessoas,
economias e sociedades", disse.
Sindicatos de trabalhadores e
empresários venezuelanos convocaram uma greve geral de pelo
menos 12 horas para esta segunda-feira. A greve foi confirmada
depois que Chávez se negou a renunciar ou a convocar eleições até
quarta-feira passada, prazo dado
por seus opositores.
A Venezuela é o quinto maior
produtor mundial de petróleo e
um dos quatro maiores fornecedores ao mercado americano. Em
1973, o país foi o único grande
produtor a furar o embargo promovido pelos países árabes para
punir o apoio dos EUA e da Europa Ocidental à ocupação de territórios palestinos por Israel. Após
o embargo, a Opep estabeleceu
cotas de produção e quadruplicou os preços. Embora os EUA
não acreditem em embargo, uma
guerra provavelmente desestabilizará o fornecimento de petróleo
e elevará o preço do produto.
O governo da Venezuela foi
aliado estratégico dos EUA na
América Latina até 1998, quando
Chávez foi eleito. Desde então, o
presidente venezuelano se afastou
de Washington ao se aproximar
de Cuba, subordinar as exportações de petróleo do país à política
da Opep e visitar o presidente iraquiano, Saddam Hussein.
As políticas de Chávez também
criaram uma divisão interna na
sociedade venezuelana. Em abril
passado, ele foi deposto por um
golpe cívico-militar que inicialmente teve apoio da Casa Branca
e fracassou 48 horas depois.
Ontem, o subsecretário de Estado norte-americano para a América Latina, Otto Reich, disse que a
Casa Branca só vai apoiar "soluções democráticas" para a crise
venezuelana. "Os EUA não vão
tolerar nem apoiar ações inconstitucionais para mudar o governo
ou manter o atual no poder."
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