Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pacifistas esperam
100 mil em Londres
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Andrew Burgin, 49, é comerciante de livros usados e integra o
coletivo de dirigentes da Stop the
War (pare a guerra). É uma coligação de entidades pacifistas que
pretende reunir amanhã, em Londres, 100 mil pessoas num protesto contra a presença britânica no
Iraque e contra visita de George
W. Bush ao Reino Unido.
Burgin acredita que os pacifistas
são majoritários na população e
que o próprio Bush testemunhará
a dimensão do protesto, que deve
passar a poucos metros de Downing Street, a residência oficial do
primeiro-ministro Tony Blair.
Eis os principais trechos de sua
entrevista à Folha.
Folha - O que motivaria uma
grande multidão a aderir à marcha
desta quinta-feira?
Andrew Burgin - Pesquisas recentes revelam que 60% dos britânicos se opõem à ocupação do
Iraque e à política de Bush.
Folha - O "Guardian" de hoje [ontem] traz pesquisa com tendência
contrária. O que o sr. acha disso?
Burgin - Não acreditamos que
ela traga um retrato real dos sentimentos. Preferimos acreditar na
pesquisa encomendada pelo jornal "The Times". Uma terceira
pesquisa, a do tablóide "Daily
Mirror", vai no mesmo sentido.
Folha - Há a intenção de fazer em
Londres uma manifestação do tamanho que os pacifistas dos EUA
não conseguiram reunir?
Burgin - Sem querer fazer comparações, estamos esperando algo
em torno de 100 mil pessoas para
exprimir oposição a Bush e ao
apoio que Tony Blair dá a ele.
Folha - Qual é a logística da chegada de tantos manifestantes de
outras regiões do Reino Unido?
Burgin - Dezenas de milhares
são de Londres e cidades próximas. Os trens devem chegar lotados. Quanto aos ônibus fretados,
há por enquanto cerca de 200.
Folha - Com o bloqueio policial
em Londres, não há o risco de confundir pacifismo com a indignação
pelos congestionamentos?
Burgin - Preferimos não pensar
dessa forma. Estamos num país
em que os cidadãos têm o direito
democrático de protestar.
Folha - A passeata passará por algum lugar em que Bush estará?
Burgin - Desconhecemos a programação de Bush. A passeata, de
acordo com o trajeto que negociamos com a Polícia Metropolitana,
passará a cerca de 50 metros de
Downing Street.
Folha - Qual o tamanho da frustração de vocês caso não reunam
uma manifestação portentosa?
Burgin - Há uma predisposição
diferente daquela que existia às
vésperas das manifestações que
promovemos no início do ano.
Queríamos, então, impedir a
guerra. Suas consequências estão
sendo desastrosas. O combate ao
terrorismo é um fracasso.
Folha - Vocês investem nos contribuintes para os quais o Iraque
está drenando parte dos impostos?
Burgin - Embora não seja o ângulo principal, há com certeza a
percepção de que o dinheiro gasto
no Iraque poderia estar melhorando a rede de ensino e os hospitais do Reino Unido.
Texto Anterior: Diplomacia: Bush começa tensa viagem ao Reino Unido Próximo Texto: Estudo: EUA ignoram o mundo, diz organização Índice
|