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IRAQUE SOB TUTELA
Duplo atentado ocorreu perto da fronteira com o Irã e deixou 80 feridos; explosão em Bagdá mata seis
Ataque a templos xiitas mata 77 no Iraque
DA REDAÇÃO
Um duplo atentado contra
mesquitas xiitas no nordeste do
Iraque, perto da fronteira com o
Irã, deixou ao menos 77 mortos e
80 feridos ontem, dando seqüência à onda de ataques que nos últimos meses aprofundou as tensões
sectárias no país.
Os atentados aconteceram no
final da tarde em Khanaquin,
uma cidade majoritariamente
curda, mas com forte presença
xiita, no nordeste do país. Foram
executados por homens-bomba,
que, munidos de cintos de explosivos, entraram nas mesquitas
Xeque Murad e Grande Khanaquin em um momento em que
elas estavam lotadas -sexta é o
principal dia de oração islâmico.
Autoridades municipais disseram esperar que o saldo de mortos supere cem. Segundo o vereador Ibrahim Ahmed Bajalan,
mais corpos estão presos nos escombros a que foram reduzidas
as mesquitas. A polícia também
registrou uma explosão menor
perto de um banco na cidade, mas
não havia dados sobre vítimas.
Kamaran Ahmed, diretor do
hospital da cidade, disse que 77
mortes foram confirmadas e há
mais de 80 feridos. Alguns dos
corpos estão tão mutilados que o
reconhecimento é impossível.
"A carne do terrorista ainda podia ser vista nas paredes da mesquita depois da explosão, disse
uma das testemunhas, Ali Abdullah. Omar Saleh, 73, estava rezando quando o homem explodiu.
"O teto caiu sobre nós e o lugar se
encheu de cadáveres, disse, de
uma cama no hospital.
Milícias curdas, conhecidas como peshmergas, fecharam as entradas da cidade após os ataques.
O último ataque terrorista de
grande porte no Iraque aconteceu
no fim de setembro, quando 98
pessoas morreram em um triplo
atentado em Balad (ao norte da
capital iraquiana). Desde janeiro
de 2004, os militares americanos
estimam que ataques como esses,
pelos quais acusam membros da
minoria sunita, tenham matado
ou ferido gravemente ao menos
26 mil civis iraquianos.
Apesar da escalada de baixas,
especialistas internacionais não
crêem que o quadro configure
ainda um caso de genocídio praticado pelos sunitas contra os xiitas
iraquianos. Mas apontam crimes
contra a humanidade. "As ações
terroristas da insurgência iraquiana constituem, de acordo com as
leis internacionais, grotescos crimes contra a humanidade", disse
à Folha Allan Ryan, especialista
em direito internacional da Universidade Harvard (EUA).
A violência aumenta com a
aproximação das eleições legislativas, que definirão quem governará o país pelos próximos quatro
anos, marcadas para 15 de dezembro. O atual gabinete, dominado
por uma aliança entre a maioria
xiita e os curdos, é provisório.
Ataque a hotéis
Além do atentado em Khanaquin, uma aparente tentativa de
ataque contra um hotel em Bagdá
atingiu um prédio de apartamentos e matou pelo menos seis pessoas, entre elas duas crianças.
Mais 40 pessoas foram feridas.
As explosões ocorreram perto
do Hamra Hotel. Câmeras de segurança gravaram imagens de
uma perua branca indo de encontro aos muros que cercam o hotel
e explodindo. Cerca de 20 segundos depois, uma segunda explosão destrói a câmera.
Segundo o coronel Ed Cardon,
do Exército americano, o primeiro veículo aparentemente tentava
abrir caminho para o segundo,
que explodiria dentro do hotel.
O Hamra fica perto do prédio
do Ministério do Interior onde foi
descoberto domingo um calabouço secreto com 170 prisioneiros
sunitas, muitos com marcas de
tortura no corpo. Ontem, a ONU
pediu uma investigação internacional do caso, já objeto de inquéritos do Iraque e dos EUA.
No mês passado, dois hotéis na
capital -o Sheraton e o Palestine,
que abriga jornalistas estrangeiros- foram alvos de ataques.
Também ontem, o Exército dos
EUA anunciou a morte de mais
três soldados e disse ter matado
32 supostos insurgentes em combates no noroeste do país.
Com agências internacionais
Colaborou Márcio Senne de Moraes
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