São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Governo rebate pedido do deputado John Murtha para tirar tropas do Iraque, mas evita criticar congressista

Retirada é rendição, defende-se Casa Branca

DA REDAÇÃO

Um comandante americano no Iraque veio a público ontem retorquir as críticas feitas na véspera por um deputado oposicionista e veterano do Vietnã, e a Casa Branca, que tem empreendido uma campanha de comunicação contra os críticos, igualou o pedido de retirada feito pelo democrata John Murtha a uma "rendição".
"As vésperas de eleições democráticas históricas no Iraque não são o momento para se render ao terror", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, citando a votação de 15 de dezembro.
A diretora de comunicação da Casa Branca, Nicolle Wallace, foi mais comedida que McClellan: "Não temos nada senão respeito pelos préstimos do congressista Murtha ao país. Creio que ele falou de coração. Mas temos sérias discordâncias políticas".
McClellan disse que Murtha, que votou a favor do uso da força contra o Iraque em 2002, está "endossando a posição da ala liberal radical de seu partido e de Michael Moore", referindo-se ao documentarista que é um dos principais críticos do presidente George W. Bush. Na véspera, Murtha exigira a retirada imediata das tropas americanas do Iraque.
Deputados republicanos disseram que querem votar a proposta rapidamente, com intenção de derrubá-la. Para isso, contam com a pressão sobre democratas que normalmente votariam pela retirada, mas que, se o fizerem agora, vão se ver na alça de mira da Casa Branca e sua campanha.
As críticas à ação no Iraque aumentam, ao passo que a popularidade de Bush cai. Para estancar o problema, a Casa Branca lançou há uma semana uma ofensiva para desacreditar os críticos da guerra, sejam eles governos estrangeiros ou democratas.
Hoje, Bush deve voltar a abordar o tema em um discurso a militares americanos, mas, segundo seus assessores, evitará ataques diretos contra os democratas.
O presidente deve falar em "estratégia para a vitória na guerra contra o terror" e a apontar o Iraque como front importante, além de dizer que tem um plano para o país -algo que os democratas o acusam de não ter. A oposição também o acusa de mentir sobre os motivos da guerra.
Em uma base em Balad, no norte do Iraque, o coronel James Brown, comandante da 56ª Brigada de Combate, criticou o pedido de retirada. "Aqui, em campo, nosso trabalho não está completo", disse, ao ser indagado sobre os comentários de Murtha. "Temos de terminar o trabalho que começamos aqui. É importante para a segurança de nosso país."


Com agências internacionais

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