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AL corre para salvar acordos com EUA
Medo de protecionismo provoca peregrinação a Washington após vitória democrata nas eleições legislativas americanas
Está em jogo a aprovação de tratados de livre comércio com Peru e Colômbia, além de prorrogação de lei de preferências para andinos
Mauricio Lima - 10.nov.2006/France Presse
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García no Brasil; ele despachará sete ministros a Washington |
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
A recente vitória democrata
nas eleições parlamentares
norte-americanas e a aproximação do fim da vigência de
uma lei de preferências comerciais têm provocado uma avalanche de missões de países andinos a Washington. Uns estão
mais preocupados com o enorme impacto econômico na região caso o incentivo não seja
renovado; outros temem que o
futuro Congresso oposicionista
jogue por terra acordos comerciais duramente negociados.
Ironicamente, os casos mais
dramáticos envolvem os principais aliados de Washington
na América do Sul. Peru e a Colômbia terminaram neste ano
longas negociações dos chamados Tratados de Livre Comércio (TLCs) e agora pressionam
o governo americano e tentam
convencer líderes do Congresso para que votem os acordos
ainda até o fim do ano. Antes,
portanto, que o Legislativo passe a ser controlado pelos democratas, que já se declararam
contrários aos tratados comerciais tais como estão.
As dificuldades em aprovar o
TLC em um Congresso democrata ficaram claras no início da
semana passada, quando o presidente colombiano, Álvaro
Uribe, principal aliado do presidente George W. Bush na região, fez uma visita frustrante a
Washington motivada pelo
susto da vitória democrata.
Na saída do encontro com
Uribe, o democrata Charles
Rangel, que deve assumir o comitê na Câmara que analisa os
TLCs, defendeu que o tema deveria ser "revisado" pelo novo
Congresso. "Tudo é possível."
Se ratificado, o TLC com a
Colômbia removeria permanentemente tarifas de US$ 14,3
bilhões do comércio bilateral,
com a balança historicamente
favorável ao país andino. Uribe
disse em Washington que o
TLC criaria 380 mil empregos
em seu país nos próximos anos.
O governo peruano também
vem fazendo uma forte mobilização. Prevendo um cenário difícil caso o TLC não seja aprovado neste ano, o presidente
Alan García disse na quinta-feira que ligará para Bush "não
uma, mas muitas vezes", para
que ele envie logo o acordo ao
Congresso. O peruano despachará ainda a Washington uma
comitiva de sete ministros no
início de dezembro para tentar
impulsionar o processo.
A pressa peruana tem bons
motivos. Alguns parlamentares
democratas já disseram que
não concordam com os termos
atuais do TLC. Alegam que fecharão postos de trabalho nos
EUA e defendem exigências
trabalhistas mais duras dentro
do acordo bilateral.
Assim como no caso da Colômbia, os EUA são os principais parceiros comerciais do
Peru. No ano passado, os americanos compraram 30,9% das
exportações do país.
Além da posse dos democratas, peruanos e colombianos
estão preocupados com o fim
do chamado "fast track", pelo
qual o Congresso dá mais poderes ao Executivo para negociar
acordos comerciais. Essa autorização, que limita o Congresso
a somente aprovar ou rejeitar
acordos comerciais, sem modificá-los, dificilmente será renovada pelos democratas, segundo analistas econômicos.
As chances de o acordo com o
Peru ser ratificado pelo Congresso são um pouco maiores,
já que foi assinado em abril. No
caso da Colômbia, a assinatura
será somente nesta quarta.
Em declarações ao longo da
semana, porta-vozes do governo americano prometeram se
esforçar para que os TLCs sejam ratificados ainda neste ano
pelo Congresso, embora Bush
não tenha submetido até agora
o acordo com o Peru.
Bolívia e Equador
Sem negociações de livre comércio em curso e diplomaticamente mais distantes de Washington, a Bolívia e o Equador
estão mais otimistas com seu
principal objetivo comercial
com os EUA, a renovação da
ATPDEA (Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação
das Drogas). A medida tem dado ingresso livre a uma lista de
mercadorias produzidas nesses
dois países, além da Colômbia e
do Peru, e expira no fim do ano.
O governo Bush já disse que
voltará a pedir a prorrogação a
todos os quatro países, e os democratas têm sinalizado que
não se oporão. Para Equador e
Bolívia, que também peregrinaram a Washington, será uma
grande vitória. Para Peru e Colômbia, apenas um consolo.
Com agências internacionais
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