São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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Na TV, Blair admite "desastre" no Iraque

Em entrevista à rede Al Jazira, premiê britânico diz que dificuldade se deve à minoria que quer guerra

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, chegou a admitir anteontem que a invasão no Iraque pelos Estados Unidos e Reino Unido foi um "desastre", mas insistiu que as tropas britânicas não serão retiradas prematuramente. A declaração ocorreu durante uma entrevista anteontem para o jornalista David Frost, do novo canal de TV da Al Jazira, em inglês.
Blair fez sua primeira admissão mais forte sobre a crise do Iraque ao ser questionado se a intervenção ocidental no país havia sido "até então mais um desastre".
Blair respondeu: "Foi. Mas você sabe que o que digo às pessoas é: Por que isso é difícil no Iraque? Não é difícil por causa de algum acidente de planejamento; é difícil porque há uma estratégia deliberada -a Al Qaeda com insurgentes sunitas de um lado e elementos apoiados por iranianos com milícias xiitas do outro- para criar uma situação na qual o desejo da maioria por paz é substituído pelo desejo da minoria por guerra".
O premiê ainda insistiu: "Nós não estamos saindo do Iraque. Ficaremos o tempo que o governo precisar que fiquemos". E acrescentou: "Nossa tarefa tem de ser apoiar os moderados e os democratas contra os extremistas e sectários".
Pouco depois Downing Street declarou que Blair havia sido mal interpretado. Segundo disse um porta-voz do primeiro-ministro à rede de TV BBC, Blair "freqüentemente concorda com quem o entrevista" .
Mas a declaração deu subsídio para que a oposição tomasse seu comentário como prova de que Blair finalmente aceitou que a estratégia no Oriente Médio fracassou. A exigência para que o governo inicie um relatório independente sobre o que deu errado no Iraque desde que Saddam Hussein foi deposto, em 2003, também deve ser retomada.
O líder do Partido Libera Democrata, Menzies Campbell, disse que finalmente Blair aceitou a situação militar no Iraque. Para Campbell, se o premiê aceita o "desastre", seguramente deve ser feito um pedido de desculpas ao Parlamento e aos britânicos.
Blair afirmou que pode levar uma geração a solução dos problemas no Oriente Médio, mas que não crê que as tropas britânicas precisem ficar no Iraque todo esse tempo.
Ontem, Blair chegou ao Paquistão para discutir com o ditador Pervez Musharraf sobre meios de derrotar a insurgência Taleban e lidar com a militância em escolas religiosas.


Com agências internacionais


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